O representante diplomático da Santa Sé na Colômbia, Ettore Balestrero, afirmou neste sábado que a viagem que o papa Francisco vai realizar à Colômbia de 6 a 10 de setembro pode ajudar o país a “construir um futuro equilibrado”. A visita papal “pode ajudar a construir um futuro equilibrado […]. O papa vem como um peregrino da esperança e reconciliação”, disse o núncio apostólico na Colômbia (representante diplomático da Santa Sé no país), numa entrevista publicada na página digital da Rádio Vaticano.

Segundo a agência de notícias espanhola Efe, nessa mesma entrevista Ettore Balestrero considera que é possível que durante a viagem Jorge Bergoglio desafie a Colômbia “a não cair nos tentáculos da corrupção”, equilibrando “a verdade e a misericórdia” para pôr um fim a cinco décadas de violência.

“A Colômbia é um país em grande transformação […] que está a fechar um capítulo do seu conflito com as FARC [Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia que se transformaram num partido e alteraram o seu nome para Forças Alternativas Revolucionárias da Colômbia]”, sublinhou.

Em relação à ex-guerrilha colombiana, o núncio apostólico no país explica que a Igreja “não tem feito parte das negociações, mas tem querido colaborar em alguns aspetos, entre eles um muito delicado: tomar consciência de que as vítimas devem estar no centro das soluções do conflito”.

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Ettore Balestrero reconhece ainda na entrevista que a Colômbia apresenta, apesar de tudo, problemas de “violência e de tráfico de droga” e que a sociedade está cheia de contrastes. “A violência na Colômbia não acabou porque há diversos atores e agentes” que a causam, referiu. No entanto, a violência “nos últimos anos tem diminuído de forma notável, em particular a proveniente da guerrilha”, notou.

Por outro lado, constatou o representante da Santa Sé, “há outras formas de violência que continuam a estar presentes, como as interfamiliares, de tipo urbano, e estas requerem um esforço por parte de todos, de maior coerência entre a fé e a vida dos colombianos”. Durante a entrevista publicada na Rádio Vaticano, o núncio apostólico referiu-se também à única guerrilha que continua ativa no país, o Exército de Libertação Nacional (ELN), apelando a que se ponha um fim “o quanto antes a toda a violência deste grupo, em particular os sequestros, o recrutamento de crianças e os ataques às infraestruturas fundamentais do país”.

Ettore Balestrero aproveitou ainda a entrevista para apelar aos colombianos para que acolham os venezuelanos que atravessam a fronteira com a Colômbia para fugir à crise na Venezuela. “As dioceses colombianas e venezuelanas, sobretudo nas fronteiras, estão a colaborar intensamente para fazer frente a esta emergência migratória”, disse, frisando que está a ser oferecida ajuda de primeira necessidade e também de carácter jurídico aos venezuelanos que chegam à Colômbia.