António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas pediu esta terça-feira que seja evitada uma escalada das tensões na península coreana e alertou para o risco de “erros de cálculo” no caso de prosseguir a “retórica de confronto”.

A solução deve ser política. As consequências potenciais de uma ação militar são demasiado espantosas”

António Guterres, secretário-geral da ONU

As declarações de Guterres à comunicação social chegam um dia depois de o Conselho de Segurança se reunir pela décima vez este ano para analisar o desafio nuclear colocado pelo regime de Pyongyang.

O Conselho de Segurança está a analisar a possibilidade de aplicar novas sanções à Coreia do Norte em resposta ao seu sexto teste nuclear em pouco mais de uma década, desta vez com o lançamento de uma bomba de hidrogénio, a mais potente até à data, um artefacto termonuclear que segundo o regime de Pyongyang pode ser instalado num míssil intercontinental.

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A comunidade internacional condenou unanimemente o novo desenvolvimento de armamento norte-coreano.

Na segunda-feira, após uma reunião de emergência do Conselho de Segurança das Nações Unidas, os Estados Unidos propuseram votar novas sanções ao regime de Kim Jong-un na próxima segunda-feira, uma medida que já tinha sido defendida pela Coreia do Sul e pelo Japão.

O Presidente norte-americano, Donald Trump, disse estar a avaliar a possibilidade de suspender o comércio com qualquer país que tenha negócios com Pyongyang e insinuou que não descarta um ataque à Coreia do Norte.

Por seu lado, a China e a Rússia apelaram ao diálogo com Pyongyang e propuseram o congelamento das manobras militares conjuntas dos Estados Unidos e da Coreia do Sul e a suspensão dos programas de armamento norte-coreanos, mas esta proposta foi recusada pelos Estados Unidos. A Coreia do Sul tem vindo já a fazer manobras e simulações de ataques e já admitiu autorizar os EUA a destacarem armas nucleares para o país.

Nas suas declarações aos jornalistas, António Guterres reiterou por diversas vezes a necessidade de reduzir as tensões decorrentes destas manifestações da força nuclear por parte da Coreia do Norte, assim como a dialética belicista, e a promoção de soluções políticas.

“As guerras não costumam começar com decisões tomadas pelas diferentes partes para ir para a guerra”, afirmou Guterres, recordando como começou a Primeira Guerra mundial, e como as guerras se instalam quase sempre através de incidentes sucessivos.