Não é segredo que os suecos têm um especial apreço pela vida ao ar livre — faz parte, de alguma forma, do estilo de vida pautado pelo conceito “lagom“. A pensar na calma e tranquilidade dos nórdicos, investigadores suecos propuseram-se demonstrar que a natureza é precisamente o lugar ideal para uma pessoa se livrar do stress. Walter Osika e Cecilia Stenfors, ambos do Instituto Karolinska, em Estocolmo, criaram a experiência “A Cabana das 72 horas”, que arranca esta quinta-feira e termina no próximo domingo, dia 10.

“Lagom” e a felicidade. O que é que temos a aprender com os suecos?

Durante três dias, cinco pessoas provenientes de diferentes países e com algumas das profissões mais stressantes vão sujeitar-se à experiência que, em última análise, serve para medir a evolução dos níveis de bem-estar dos participantes e explorar os efeitos da relação que os suecos têm com a natureza. Um polícia alemão, uma taxista francesa, um locutor inglês, um organizador de eventos nova-iorquino e um jornalista de viagens inglês são os participantes escolhidos.

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A experiência vai decorrer na ilha de Henriksholm, no oeste da Suécia, onde muita da paisagem é dominada por um manto de floresta. Cada participante viverá numa cabana de vidro, para estar tão próximo da natureza quanto possível, e durante o dia poderá fazer diversas atividades ao ar livre, como nadar ou pescar. Os resultados serão conhecidos a 10 de outubro.

Desde uma lei que defende o seu direito de acesso à natureza, passando por um provérbio que declara que não existe isso de ‘mau tempo’, o amor da Suécia pela vida ao ar livre manifesta-se de diversas maneiras — e com atividades de exterior concebidas para cada estação.

‘Lagom – A Arte Sueca para uma Vida Equilibrada’ Pág. 106

De acordo com o último estudo com base na qualidade de vida dos suecos, recorda o espanhol El Mundo, 90% dos suecos acreditam que passar tempo ao ar livre faz com que a sua vida diária seja mais significativa e quase 50% passa tempo na natureza uma ou mais vezes por semana.

A ideia de que a natureza possa interferir na nossa qualidade de vida não é nova, mas ganha ainda mais relevo se se recordar um estudo japonês realizado em 2010, que demonstrou que as pessoas expostas ao ambiente da floresta apresentavam traços mais favoráveis (incluindo menos concentração de cortisol e menor frequência cardíaca), quando comparadas com indivíduos que preferiam centros urbanos.

Neste verão tome “banhos de floresta”

Curiosamente, a expressão “Shinrin-yoku”, que significa qualquer coisa como “banhos de floresta”, foi desenvolvida no Japão na década de 1980 e, desde então, ganhou fama e importância no país. Há inclusive uma organização com esse nome, que vende o lema: “Vá a uma floresta. Ande devagar. Respire”. De referir que a lista que sustenta o termo e a sua prática é vasta.