O que interessa saber
↓ Mostrar
↑ Esconder
Nome: À Justa
Abriu em: Setembro de 2017
Onde fica: Calçada da Ajuda, 107, Lisboa
O que é: O mais recente espaço da chef Justa Nobre, que regressa à zona de Lisboa onde o seu primeiro restaurante, O Nobre, a tornou famosa
Quem manda: A chef Justa, apesar da gestão diária do restaurante ficar a cargo de Filipe Nobre e Carolina Brito
Quanto custa: Entre 30 a 35€ por pessoa.
Uma dica: Evite vir aqui ter de carro. A rua é muito movimentada… e estreita, o que dificulta ainda mais a desafiante tarefa que é estacionar um automóvel nas ruas da capital.
Contacto: 213 630 993 / 965 186 459
Horário: Das 12h15 às 15h e das 19h15 às 23h; sábado aberto ao jantar; fecha domingo
A História
A ligação da chef Justa Nobre à zona da Ajuda, em Lisboa, não é recente. Há 27 anos, naquela mesma zona, abriu o primeiro O Nobre, espaço que rapidamente se tornou num poiso incontornável — até Mário Soares, na altura Presidente da Republica, o visitava com frequência, entrando sempre de forma subtil, pela segunda porta do restaurante. Em 2007, a chef transmontana decide mudar de ares e é para a zona do Campo Pequeno que transporta O Nobre, espaço que até hoje se mantém (e manterá, faz questão de sublinhar) em funcionamento. A mudança foi positiva, as novas instalações eram maiores e tinham melhores condições, mas à semelhança de Tony Bennett, que cantava sobre como deixou o seu coração em São Francisco, Justa tinha criado “um carinho especial pela zona onde tudo começou”, conta ao Observador. Um regresso teria de acontecer.
“Esperei 10 anos por este espaço”, explica. O local onde agora fica o novo À Justa já tinha sido uma mercearia e um restaurante tradicional até finalmente chegar às mãos da chef e do seu companheiro, José Nobre. Existiram alguns percalços (“éramos para ter aberto em abril, mas as obras atrasaram muito, o espaço estava muito estragado”, diz Justa) até chegar a aguardada estreia, mas hoje, o 107 da Calçada da Ajuda já está vivo e de boa saúde.
O Espaço
O nome do restaurante não foi decidido ao calhas. Entre sorrisos, a chef diz que ele não podia ser mais acertado, pois “o espaço é pequenino, como eu”, daí caber tudo… à justa. Apesar disso, há um certo exagero à mistura: um espaço com capacidade para cerca de 38 pessoas e uma zona de bar não é assim tão pequeno. A decoração, pensada pela Santa Fé Orange, é menos formal que a do irmão mais velho no Campo Pequeno e aposta em dois elementos principais: o azulejo (que forra todas as paredes), e a madeira clara, disposta de forma a criar umas formas onduladas.
Ao entrar, a primeira coisa que se vê é o bar de boas vindas, que serve de aperitivo para os olhos, antes destes resvalarem para a bonita e jovem sala de refeições que se estende ao comprido, sob a forma de um paralelepípedo bem iluminado (consegue ver a pessoa com quem está a comer mas não precisa de passar a refeição de óculos escuros) onde é difícil não se sentir confortável.
A Comida
Se num restaurante de Justa Nobre pedir, por exemplo, uma feijoada à transmontana, é muito pouco provável que lhe sirvam uma versão desconstruída deste prato, onde o chouriço poderá surgir em forma de gelado, numa quenelle perfeitinha que repousa sobre um puré de feijão e couve. Com Justa não há nada disso, os pratos típicos surgem sempre como nos habituámos a conhecê-los e, por muito que possam ser servidos de uma forma mais cuidada, nunca roçam o pretensiosismo. Se as coisas sempre foram assim, no À Justa tudo se mantém na mesma.
“Comidinha portuguesa boa, é o meu registo, o que eu gosto de fazer e o que eu acho que continua a fazer falta em Lisboa”, responde a chef quando questionada sobre o conceito gastronómico desta novidade. Na ementa figuram clássicos como a sopa de santola (11,80€) ou o lombo de robalo selvagem à Justa (32,80€), mas também algumas novidades, como o naco de borreguinho com esmagado de brócolos e maçã (24,80€) ou o lombo de garoupa assado no forno com caldeirada do mar (29,95€). Todos eles, porém, sairão sempre das mãos de Gonçalo Moreno e do seu braço direito, André Santos.
Gonçalo começou a trabalhar com a chef “há uns seis meses”, no Nobre, para que “começasse a perceber melhor a minha cozinha”, explica a chef. “Acho que os nossos gostos são muito semelhantes, ele também é um apaixonado pela nossa gastronomia, o que a mim me encantou”, acrescenta, antes de explicar ainda que os dois vão trabalhar em conjunto na construção de novos pratos, isto porque a chef “não se quer impor demasiado”, limitando-se a “definir muito bem” a ideia daquilo que pretende.
A tudo isto resta acrescentar que a pessoa escolhida para lidar com os vinhos é o escanção Sérgio Antunes (que já passou pelo Loco, de Alexandre Silva, e por dois restaurantes do chef Vitor Sobral, o Terreiro do Paço e a Tasca da Esquina), com quem a chef já trabalhou “há 17 anos”.
“Cuidado, está quente” é uma rubrica do Observador onde se dão a conhecer novos restaurantes.