As ações do BCP perdem mais de 21% desde os máximos anuais registados em meados de julho, num movimento de correção depois de os títulos do banco terem sido a “estrela” da primeira metade do ano — até julho, acumulavam um ganho de 87% em relação aos valores de janeiro. Os investidores de curto prazo estão, cada vez mais, a apostar que a correção do valor do BCP vai continuar para já, depois das fortes subidas e com um pouco menos de otimismo de que o banco será capaz de voltar a pagar dividendos nos próximos anos.

Na bolsa de Lisboa, as ações estão a subir 1,4% esta sexta-feira, depois de quatro dias consecutivos a cair — na quinta-feira a queda foi superior a 7%, com mais de 150 milhões de ações a trocarem de mãos numa só sessão. O volume elevado mostra que as ações do BCP estão a ser, como não é incomum, um “campo de batalha” entre os investidores de curto prazo. Os investidores que apostam na queda das ações, através do short selling, estão a ganhar uma preponderância maior, detendo mais de 3,5% do capital do banco, segundo os dados mais recentes da CMVM.

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A beneficiar de uma melhoria dos resultados e de algumas notas de investimento favoráveis, as ações do BCP tiveram uma primeira metade do ano em grande forma. Nas primeiras semanas do ano tocaram um valor inferior a 14 cêntimos por ação, mas em meados de julho aproximaram-se dos 26 cêntimos.

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BCP lucra quase 90 milhões de euros nos primeiros seis meses do ano

Com a chegada do verão, e a menor atividade nos mercados associada a essa altura, a maré parece ter virado. No final de julho, uma nota de investimento da Keefe, Bruyette & Woods (assinada por um analista que há muitos anos segue as ações do BCP, Benjie Creelan-Sandford) poderá ter contribuído para a inversão da tendência. A nota atribuía um “preço-alvo” de 13 cêntimos às ações do BCP, ou seja, cerca de metade da cotação da altura. A recomendação aos investidores era desfavorável — “underperform“.

Foi nessa altura, também, que foi notícia que o BCP poderia estar interessado em comprar a unidade que o Deutsche Bank tem na Polónia, país onde o BCP é acionista do Millennium Bank. Acabado de reembolsar o empréstimo estatal, a notícia não caiu bem nos mercados, com os investidores a ponderarem o impacto desse possíve investimento nas contas do banco e, sobretudo, na capacidade de a instituição voltar a distribuir dividendos nos próximos anos.

BCP corrige depois de primeira metade do ano em grande forma

As ações do BCP caem mais de 20% desde os máximos do ano. Quando ascendeu a esses máximos, contudo, a ação estava a quase duplicar de valor em relação à cotação do início do ano.