Depois de uma passagem pela costa norte de Cuba, onde provocou estragos consideráveis, o furacão Irma dirige-se agora para as Florida Keys, um arquipélago a cerca de 193 quilómetros da costa sul da Florida. Apesar de o nível de intensidade ter descido de cinco para três, o Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos da América (NHC) prevê que o furacão ganhe novamente força quando começar a dirigir-se para a zona norte do estado, onde deverá chegar no domingo de manhã. O aeroporto internacional de Daytona Beach encerra quando forem 23h em Lisboa.

O governador da Florida, Rick Scott, disse em conferência de imprensa que já há 70 mil pessoas refugiadas em 385 abrigos espalhados pelo estado da Florida, mas “que ainda há espaço para mais pessoas”, cita a CNN. Já há 76.000 clientes sem energia, sobretudo no sul da florida. O governador acha que este número vai “com certeza subir” e a Florida Power and Light, uma das principais fornecedoras de eletricidade, estima 3,4 millhões de clientes fiquem sem energia em determinado momento. Rick Scott disse que era era a “tempestade mais catastrófica que o estado já tinha vivido”.

O Irma obrigou as autoridades da Florida a emitir uma ordem para retirar 7 milhões de pessoas das suas casas, um terço da população do estado. Durante uma conferência de imprensa este sábado, Rick Scott apelou para que a população abandone as suas casas o mais rapidamente possível. “Se receberam uma ordem de evacuação, saiam já. Não esperem, saiam. Não saiam esta noite, não saiam dentro de uma gora, saiam agora”, cita a CNN. “Lembrem- se que assim que a tempestade chegar, não há nenhuma força policial que vos possa salvar. Vamos fazer tudo o que podermos, mas não o podemos fazer assim que a tempestade começar.”

Rick Scott já tinha sublinhando na sexta-feira a urgência da ordem de evacuação, pedindo aos cidadãos que se mudassem para os abrigos que existem em vários pontos do estado. Na noite de quinta-feira, o governador ordenou o encerramento de todas as escolas e universidades públicas apara que possam ser utilizadas como abrigos. Muitos centros de acolhimento nos condados de Miami-Dade e Broward, na Florida, tiveram de fechar portas na sexta-feira depois de terem atingido a capacidade máxima.

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Entre quinta e sexta-feira, as estradas que seguem para norte registaram engarrafamentos sem precedentes. A Florida Power & Light Company, que é também proprietária de centrais nucleares, informou que estas serão encerradas gradualmente e com antecedência perante o surgimento dos ventos.

Segundo o serviço meteorológico de Tampa Bay, na Florida, o “Irma é um furacão grande e amplo e, por essa razão, o seu um impacto será sentido em toda a península, independentemente do caminho que o centro do furacão faça”. “Espera-se que se dirija para norte em direção à zona sudoeste da Florida, ao final do dia de hoje [sábado], levando ventos fortes.” Estes devem fazer-se sentir em toda a península ao início de segunda-feira. “Esperam-se inundações em quase toda a costa do golfo da Florida“, alertou ainda o serviço meteorológico, citado pelo The Guardian.

O “olho” do furacão deverá depois passar pelo sudoeste da Florida, nomeadamente pela região das Keys e de Tampa, algures durante a manhã de domingo. À tarde, deverá seguir ao longo da costa sudoeste do estado. No entanto, toda Florida sentirá os efeitos do fenómeno.

Entretanto, em Miami, já começaram a cair as primeiras chuvas associadas à passagem do furacão Irma. Com uma população de 440 mil habitantes, a cidade do estado da Florida passou os últimos dias a preparar-se para a chegada do fenómeno natural. Miami não levará com o maior impacto do furacão, mas terá de enfrentar “condições que ameaçam a vida”, segundo o porta-voz do NHC, Dennis Feltgen.

Furacão Irma atinge Cuba com toda a força. Mais de um milhão de pessoas foram evacuadas

O Irma está a atingir com toda a força a zona norte de Cuba, onde já obrigou à retirada de mais de um milhão de pessoas devido à chuva forte e aos ventos que atingem agora os 201 quilómetros por hora. Apesar de o nível de intensidade estar agora no três, o NHC prevê que ganhe nova força assim que atingir o estado da Florida, no domingo. Enquanto isso, o furacão irá continuar a devastar a costa norte de Cuba.

Patrick Oppmann, correspondente da CNN em Cuba, dá conta de um cenário aterrador. “Estou a ver as ondas a inundarem a rua onde passei ontem”, escreveu no Twitter. “A água está a rodear a casa onde eu e a minha equipa estamos.” Ainda segundo Oppmann, os ventos que se fazem sentir em Cuba são de tal modo fortes que destruíram o equipamento utilizado para medir a velocidade das rajadas.

O Irma tocou terra no arquipélago de Camagüey, no norte de Cuba, na noite de sexta-feira, com ventos máximos de 260 quilómetros por hora, segundo o NHC. Esta é a primeira vez em 100 anos que um furacão desta intensidade atinge a ilha. Durante a madrugada deste sábado, aproximou-se da cidade de Caibarien, enquanto avançava rumo à parte oeste.

Danos em Saint-Martin e Saint-Barthélemy avaliados em 1,2 mil milhões de euros

Os prejuízos provocados pelo Irma nas ilhas francesas de Saint-Martin e Saint-Barthélemy, nas Caraíbas, foram avaliados em 1,2 mil milhões de euros, indicou este sábado a Caisse Centrale de Réassurance (CCR), a resseguradora pública francesa para as catástrofes naturais. As autoridades locais estimam que 90% da ilha de Saint-Martin, a mais afetada pela catástrofe, tenha ficado destruída.

Em comunicado, a CCR precisou que “este montante inclui os prejuízos das casas, dos veículos e das empresas (incluindo as perdas de exploração)” cobertos pelo regime de indemnização das catástrofes naturais O furacão, decretado oficialmente como uma catástrofe natural pelo governo de França, é “um dos mais importantes pelos quais França passou em 35 anos”, afirmou ainda o ressegurador.

As resseguradoras são entidades que assumem o risco das seguradoras através da emissão de apólices. Na prática, são as seguradoras das seguradoras. Detida a 100% pelo Estado francês, a CCR oferece às seguradoras coberturas ilimitadas em matéria de catástrofes naturais, mas também para outros riscos associados ao interesse público, como o risco de atentados ou atos de terrorismo. Na sexta-feira, o máximo responsável da CCR, Bertrand Labilloy, garantiu que a caixa dispõe de “reservas suficientes para cobrir o sinistro, seja qual for o custo”.

Este furacão, o mais poderoso registado no Atlântico, provocou pelo menos 25 mortos nas Caraíbas, de acordo com a agência France-Presse. Os prejuízos poderão chegar aos 120 mil milhões de dólares nos Estados Unidos, nas Antilhas e nas Caraíbas, indicou a agência Enki Research.

À sua passagem pelas Caraíbas, o Irma fez dez mortos e sete desaparecidos nas ilhas francesas. As restantes vítimas são seis nas Ilhas Virgens Britânicas, quatro nas Ilhas Virgens Americanas, duas na parte holandesa de Saint-Martin, duas em Porto Rico e uma em Barbuda.

As autoridades francesas estimam os danos em mais de 1,2 mil milhões de euros e as autoridades holandesas estimam que 70% das habitações ficaram bastante danificadas ou foram destruídas, deixando muitos dos 40 mil residentes dependentes de abrigos públicos, quando se preparam para a chegada do furacão José.

Nas Ilhas Virgens britânicas, a Agência de Gestão de Emergência em Desastres das Caraíbas British alertou para a necessidade urgente de um reforço de segurança devido aos casos de pilhagens. Cerca de um milhão de pessoas estavam sem eletricidade em Porto Rico, embora o furacão tenha passado a norte do território.

Nas Ilhas Virgens americanas, o hospital de St. Thomas ficou destruído e o porto em ruínas, assim como centenas de residências e dezenas de empresas.