O aumento de capital de 28,5 mil milhões de euros realizado pela Yupido em 2016 está a ser alvo de averiguações por parte da Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), que tem competências de supervisão na área de auditoria e revisão de contas. Em causa está o relatório do revisor oficial de contas que avaliou os ativos em espécie entregues no âmbito desta operação, e que chegou ao valor extraordinário de 28,5 mil milhões de euros, superior à capitalização bolsista das maiores empresas nacionais.

“Tratando-se de revisor oficial de contas registado na CMVM, este é acompanhado pela CMVM no âmbito das suas atribuições e competências. No âmbito das referidas atribuições, estão já e vão ser desenvolvidas as ações e diligências adequadas”. Esta é a resposta de fonte oficial do supervisor de mercado à pergunta feita pelo Observador.

A CMVM não é a única entidade a investigar o que se passou nesta operação. Já na sexta-feira, a Ordem dos Revisores Oficiais de Contas revelou que tinha iniciado diligências com vista à análise da situação. Isto porque se “tratou de uma avaliação de entrada em espécie por valor elevado que configura uma operação muito atípica”, que envolve um dos membros da Ordem.

O valor dos ativos intangíveis, descritos como uma plataforma digital revolucionária para a gestão de conteúdos online, foi determinado por um ROC, que é um dos mais respeitados da sua profissão, segundo vários testemunhos recolhidos pelo Observador. António José Alves da Silva confirmou ao Observador o valor que deu a esta misteriosa nova tecnologia.

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A CMVM tem a supervisão de todas as entidades e atividades cobertas pela Ordem dos Revisores Oficiais de Contas, cabendo-lhe em particular avaliar os sistemas de controlo de qualidade e inspeção desta entidade sobre a atividade dos revisores oficiais de contas. Pode, no quadro das suas competências, instruir e decidir processos de contraordenação e aplicar sanções.

Também a PJ e o Ministério Público estão a promover diligências sobre este caso. O porta-voz da Yupido, citado pelo jornal Eco, afirma que a empresa está disponível para prestar esclarecimentos às autoridades.