Basta circular pelas nossas cidades, ou mesmo estradas – o que potencia ainda mais o perigo –, para verificar que são raras as pessoas que usam o cinto de segurança quando se sentam no banco traseiro. Seja porque se sentem-se mais protegidas quando vão atrás, ou porque acreditam que o assento da frente os vai impedir de bater em algo sólido, que lhes provoque danos severos, a verdade é que é vulgar os ocupantes dos bancos posteriores não recorrerem a este dispositivo de segurança. E fazem mal.

Os construtores de automóveis gastam milhões para optimizar, não só a capacidade dos veículos modernos absorverem a maior parte da energia resultante dos embates, ao deformarem-se, como investem ainda quantidades colossais para que os cintos de segurança não permitam folgas excessivas, em relação ao corpo dos utilizadores (com recurso aos pré-tensores), além de limitarem o esforço aplicado sobre o tórax e a cintura (mais uma vez recorrendo a zonas deformáveis nos locais de fixação dos cintos). Tudo para que condutor e passageiros não embatam em nada que os fira ou mate, mas que no processo não sejam submetidos a desacelerações tão violentas que lhes provoquem danos internos.

Mas a verdade é que todo este trabalho e investimento é deitado à rua se os ocupantes dos veículos não utilizarem o cinto de segurança. Mas o mais grave é que quando, quem se senta à frente coloca o cinto, mas quem vai atrás opta por não o utilizar. Aqui, em caso de embate frontal, o corpo do passageiro – que passa a “pesar” umas toneladas devido à aceleração, mesmo seja uma top model em termos de elegância – é projectado contra as costas do assento do condutor, ou do passageiro que ocupa o banco da frente, esmagando quem lá está sentado contra o volante ou tablier, consoante o caso.

A gravidade é ainda maior porque todos os sistemas, do pre-tensionador ao limitador de esforço, não estão calibrados para o peso de dois adultos, cedendo e fazendo mais mal do que bem. Quando quem se senta atrás se sente no direito de decidir não utilizar o cinto de segurança, é altura de, quem se senta à frente, com cinto, lhe explicar que a sua liberdade interfere com a segurança e a vida, de quem se senta à frente.

Há vários estudos que recordam esta triste realidade, a que poucos dão valor, mas o mais recente chega-nos pela mão, não do organismo europeu EuroNcap, mas sim do seu congénere americano, o Insurance Institute for Highway Safety (IIHS), país onde, aparentemente, a cada vez maior utilização de táxis e soluções como a Uber, tem incrementado a não utilização de cintos de segurança entre os que se sentam atrás. As imagens e o vídeo falam por si:

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