O presidente do PSD afirmou esperar que seja encontrada uma solução no conflito negocial entre os enfermeiros e o Governo, mas admitiu que possam ter sido criadas expectativas a esta classe profissional que não estão a ser cumpridas.

No final de uma visita ao Centro de Assistência Paroquial da Amora, no âmbito da campanha autárquica, Passos Coelho foi questionado pelos jornalistas sobre a greve dos enfermeiros, que teve hoje início, e salientou que o PSD não toma partido em greves decretadas por sindicatos.

“A ideia que fica é que há expectativas que vão sendo criadas àqueles com quem se está a negociar e que depois não vão sendo cumpridas”, afirmou, acrescentando, contudo, que não conhece a matéria em detalhe.

O presidente do PSD acrescentou esperar que “seja possível encontrar uma solução de modo a que haja o menor prejuízo possível para o funcionamento dos hospitais e dos blocos de partos”, salientando que as reivindicações dos enfermeiros “são pretensões antigas que, mais dia menos dia, terão de ter alguma solução no quadro negocial com o Governo”.

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“O Governo melhor do que ninguém saberá qual a margem de manobra de que dispõe para chegar a uma solução negociada”, disse, sublinhando que o executivo já conseguiu travar outras greves, como a do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras.

Passos Coelho alertou, por outro lado, que “começam a aparecer muitos sinais de crispação e conflitualidade em alguns setores sociais”.

“É sempre difícil satisfazer todas as expectativas que existem e diga-se que o Governo não tem feito outra coisa senão inflacionar as expectativas das pessoas. É natural que depois tenha mais dificuldade em lidar com processos negociais”, considerou.

Os enfermeiros iniciaram hoje uma greve que decorrerá até sexta-feira, contra a recusa do Ministério da Saúde em aceitar a proposta de atualização gradual dos salários e de integração da categoria de especialista na carreira.

A greve foi marcada pelo Sindicato Independente dos Profissionais de Enfermagem (SIPE) e pelo Sindicato dos Enfermeiros (SE) para o período entre as 00:00 de hoje e as 24:00 de sexta-feira.

Os enfermeiros reivindicam a introdução da categoria de especialista na carreira de enfermagem, com respetivo aumento salarial, bem como a aplicação do regime das 35 horas de trabalho para todos os enfermeiros, mas a Secretaria de Estado do Emprego considerou irregular a marcação desta greve, alegando que o pré-aviso não cumpriu os dez dias úteis que determina a lei.