Em 2016, mais de 1.600 enfermeiros pediram à Ordem uma declaração para trabalharem no estrangeiro. Ao todo, desde 2010, mais de 14 mil manifestaram essa vontade de ir trabalhar fora do país, de acordo com os números noticiados esta terça-feira pelo DN.

Os dados da Ordem permitem perceber que, ainda assim, o número de pedidos caiu significativamente em 2016, sendo mesmo o número mais baixo dos últimos seis anos. O pico foi atingido em 2014, com um total de 2.850 pedidos.

Também não se pode dizer que emigraram mais de 14 mil enfermeiros pois estes números correspondem aos pedidos de declarações, não se sabendo quantos concretizaram a intenção. Os países de eleição são Inglaterra, Espanha, França e Itália.

Já em março de 2016, a bastonária Ana Rita Cavaco dizia, em entrevista ao DN, que havia mais enfermeiros a sair do país do que a sair das faculdades.

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Em Portugal, os enfermeiros especialistas ganham, anualmente, cerca de 16.800 euros brutos (1.200 euros de vencimento base mensal), menos cerca de 18.000 euros do que um especialista leva para casa em Inglaterra (34.846 euros) e, além do salário mais alto, e da possibilidade de progredirem na carreira, os enfermeiros especialistas em saúde materna e obstétrica têm competências que lhes são negadas em Portugal como, por exemplo, prescrição de medicamentos e exames e vigilância de baixo risco, conforme escreve o jornal.

Os especialistas em saúde materna e obstétrica têm estado em protesto nos últimos três meses, recusando-se a desempenhar as funções para as quais estão habilitados até serem recompensados monetariamente por isso. Nesta onda de protesto, os enfermeiros decidiram mesmo começar a entregar à Ordem os títulos de especialistas. Um rosto bastante presente neste movimento tem sido o da própria bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Ana Rita Cavaco.

Mas não são só os especialistas a contestar. Esta segunda-feira iniciou-se uma greve de enfermeiros que se estenderá até sexta-feira. Os enfermeiros reivindicam não só a introdução da categoria de especialista na carreira de enfermagem com respetivo aumento salarial, bem como a aplicação do regime das 35 horas de trabalho para todos os enfermeiros, entre outras medidas.

Cinco respostas para entender o conflito dos enfermeiros

Esta terça-feira o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), que não se juntou ao Sindicato dos Enfermeiros nem ao Sindicato Independente dos Profissionais de Enfermagem na convocatória da greve, reúne-se com o ministro da Saúde. Adalberto Campos Fernandes deverá entregar neste encontro uma proposta negocial, que terá alinhavado na segunda-feira com o primeiro-ministro António Costa, segundo noticiou a Lusa ao final do dia.