A Economist Intelligence Unit (EIU) considera que Moçambique vai continuar a ser um país a duas velocidades e que o Governo, apesar de precisar de reconquistar os investidores, não aposta em políticas favoráveis ao investimento. Numa análise aos esforços do Governo para “reconquistar os investidores”, os peritos da unidade de análise económica da revista britânica The Economist escrevem que, “depois de um ano tumultuoso, o Governo está ansioso por convencer os investidores estrangeiros de que Moçambique está aberta para os negócios”.

No entanto, acrescentam na análise a que a Lusa teve acesso, “não juntou a ofensiva de charme recentemente lançada com esforços substantivos para melhorar o clima de negócio”. Os analistas da Economist lembram as recentes viagens do Presidente da República, que nos últimos seis meses foi à Europa, aos Estados Unidos e à Ásia, trazendo algumas promessas de investimento por parte das grandes petrolíferas como a Eni ou a Shell.

O problema, salientam, é que “estes investimentos são quase exclusivamente focados no crescente setor do gás”, e os investimentos aconteceriam independentemente dos problemas internos do país porque “as margens de lucro nestas operações que são das mais baratas a nível mundial são demasiado aliciantes para os investidores virarem costas”.

O crescimento económico baseado inteiramente em Investimento Direto Estrangeiro focado em projetos orientados para a exportação “dificilmente levará a um crescimento abrangente num país de baixo rendimento com altas taxas de pobreza e um mercado de trabalho em forte crescimento”.

Os analistas da Economist reconhecem que o Governo sabe que é preciso diversificar a economia, e espera atrair investimentos para o turismo, agricultura e manufatura de forma a proteger a economia da volatilidade dos preços das matérias-primas e para gerar empregos, mas, alertam, “as oportunidades de investimentos nestes setores não-energéticos são menos aliciantes” e com taxas de retorno mais lentas e baixas.

Por isso, dizem, “a economia de Moçambique vai continuar uma história com duas partes, com crescimento relativamente rápido nos setores extrativos, mas um desempenho bem mais lento nos outros, o que fará com que a taxa de crescimento prevista fique nos 5% ao ano até 2021, ao passo que uma melhoria significativa nos padrões de vida continua improvável”.

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