Não estamos num estádio. Estamos numa feira. Daquelas com barraquinhas de jogos. O Porto esteve a noite toda a tentar no tiro ao alvo ganhar um ursinho de peluche como prémio. Às vezes atirava — e até derrubou uma lata; ou melhor: a lata caiu sozinha com o vento… –, às vezes somente tirava (e tirava, tirava, tirava…) as medidas ao alvo sem nunca ou quase nunca arriscar atirar. O Besiktas só atirou três vezes na barraquinha do lado — derrubou as latas todas e levaria para casa três ursinhos. Há noites assim: em que a eficácia é um posto.

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Porto-Besiktas, 1-3

Estádio do Dragão, no Porto

Árbitro: Anthony Taylor (Inglaterra)

Porto: Casillas; Ricardo Pereira, Felipe, Marcano e Alex Telles; Danilo Pereira (Hernâni, 81’), Óliver Torres (Otávio, 45’), Corona (André André, 45’) e Brahimi; Marega e Soares

Suplentes não utilizados: José Sá, Layún, Reyes e Herrera

Treinador: Sérgio Conceição

Besiktas: Fabri; Adriano, Pepe, Tosic e Erkin; Ozyakup (Medel, 64’), Hutchinson, Talisca, Quaresma (Negredo, 73’) e Babel; Cenk Tosun

Suplentes não utilizados: Zengin, Mitrovic, Necip Uysal, Jeremain Lens e Pektemek

Treinador: Senol Günes

Golos: Talisca (13’), Tosic (auto-golo, 21’), Tosun (28’) e Babel (86’)

Ação disciplinar: cartão amarelo para Erkin (67’) e André André (80’)

Agora sim, e analogias à parte, estamos num estádio, o do Dragão. Cedo os turcos fizeram saber ao que vinham. Logo aos cinco minutos, Talisca transporta a bola até perto da área portista, leva os médios da casa um por um atrás de si — mas nenhum o desarmaria ou tão pouco tentaria desarmar –, até que assistiu Babel mais à esquerda. Ajeitada que estava a bola, encontrado que estava o melhor ângulo para o remate, o holandês rematou mesmo, da esquina da área e mais em jeito do que força. A bola ainda resvala em Felipe e quase trai Casillas. Sairia por cima da barra — pouco por cima. Primeiro a ameaça, logo depois (13′) a consumação em golo. Talisca volta a conduzir a bola meio-campo fora e entrega-a depois, na área, ao ponta-de-lança Cenk Tosun. O remate do possante turco esbarra em Felipe. A bola sobraria ainda para Quaresma mais à direita, o português cruza para o primeiro poste, Talisca é mais veloz do que Marcano a chegar à bola e cabeceia-a para o primeiro golo da noite .

Os turcos não pressionavam muito. Deixavam até que o Porto circulasse a bola a seu bel-prazer. Mas estranhamento os portistas faziam-no atabalhoadamente, errando passes simples, arriscando (sem êxito) o drible quando o que se pedia era… um simples passe. Lá remataram aos 19′. Brahimi, na esquerda e na esquina da área, cruzou, Marega não chegou para cabecear, Soares cabecearia torto. O mau desvio do brasileiro acabaria por ser uma “assistência”, isolou Óliver e o espanhol, de primeira, rematou de canhota na direção do poste esquerdo. O golo portista chegaria aos 21′. Canto de Alex Telles à esquerda, tenso e para o primeiro poste, Marega e Dusko Tosic disputam a bola, o portista não consegue desviar mas o sérvio fez-lhe as vezes (leia-se: as de avançado) e cabeceou na direção da própria baliza, batendo Fabri. Auto-golo e empate.

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O Besiktas tinha até aqui somente um remate. Ao segundo… faria o segundo golo. Foi aos 28′. O remate, ainda distante da área, com Tosun ligeiramente descaído para a esquerda, é forte. E colocado, sim. Mas não foi propriamente na “gaveta” que a bola entrou. E Casillas fica mal na fotografaria, fincando a ideia de que poderia ter lá chegado se tivesse antecipado que Tosun remataria do meio da rua — saltou tarde e a bola passou-lhe rente, rente ao luvas. O ponta-de-lança turco também não teve oposição e o meio-campo portista estendeu-lhe um autêntica passadeira. Foi o segundo golo de Tosun na Liga dos Campeões, ambos marcados a equipas portuguesas: primeiro o Benfica e, agora, Porto.

Há 14 anos que o FC Porto não sofria dois golos em casa na primeira parte de um jogo da UEFA — a última vez havia sido contra o Real Madrid. E ainda tentou (do mal o menos) não sair a perder. Corona atrai (33′) a si a defesa turca, desmarca Soares num passe em diagonal mais ao centro e o brasileiro, ainda distante da área, rematou de primeira. O remate passaria apenas um palmo ao lado do poste direito de Fabri. Conceição, insatisfeito, faria duas substituições de enfiada ao intervalo: saiu Óliver e entrou Otávio; Corona deu a vez a André André. O que se alterou? Pouco ou nada. O Besiktas não queria nada com a baliza de Casillas (aliás, os turcos desde que se viram a vencer quase deixaram de tentar rematar) e Fabri continuava sem testar as luvas.

A melhor ocasião de golo dos portistas desde o recomeço foi apenas aos 61′. Brahimi conduziu a bola pela esquerda, viu Soares a desmarcar-se na área, nas costas dos centrais dos turcos, e colocou lá a bola, num passe a rasgar. Soares rematou de primeira, com o pé esquerdo, mas Fabri fez bem (e rapidamente) a “mancha” e evitou o empate do Porto. Perto do final, 86′, no primeiro bom remate do Besiktas, o golo. Erkin, à esquerda, colocou a bola no flanco contrário, Babel recebeu-a, tabelou com Negredo, o espanhol desmarcou-o no interior da área e Babel rematou em seguida, cruzado e sem hipótese de defesa para Casillas.