Michael Flynn, antigo conselheiro de Segurança Nacional de Donald Trump que esteve apenas 24 dias no cargo, está de novo sob suspeita. Depois de se ter demitido em janeiro deste ano por não ter revelado os seus contactos com o embaixador russo durante a campanha presidencial, desta vez o antigo militar é suspeito de não ter divulgado a sua relação com um projeto internacional de construção de reactores nucleares no Médio Oriente, conhecido por “Plano Marshall”.

Os congressistas democratas Elijah Cummings e Eliot Engel divulgaram esta quarta-feira uma carta que enviaram para o advogado de Flynn e para as empresas envolvidas com uma série de questões. A carta insere-se na investigação que o Congresso norte-americano está a levar a cabo sobre as ligações da campanha de Trump ao Kremlin.

Na carta, Cummings e Engel acusam Flynn de não ter divulgado uma viagem que fez ao Egito e a Israel em 2015 para promover o projeto de construção dos reactores nucleares. Estes seriam financiados pela Arábia Saudita e outros Estados do Golfo e construídos por um consórcio de empresas dos EUA, Rússia, França, Holanda, Reino Unido, Ucrânia e Israel, segundo a agência Reuters. Para além disso, a segurança do projeto seria assegurada pela empresa russa Rosoboron, que é atualmente alvo de sanções norte-americanas.

De acordo com o “Politico”, Flynn terá recebido pelo menos 25 mil dólares pelos apoiantes do projeto — mas não tornou pública essa informação quando entrou na Casa Branca. O jornal norte-americano escreve ainda que o antigo conselheiro de Trump defendeu o projeto junto de membros da equipa de transição na Casa Branca.

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Ameaça de pena de prisão

Os congressistas democratas pediram na carta para que sejam fornecidas “todas as trocas de comunicação” que as empresas em causa tiveram com Flynn durante a campanha eleitoral, a transição ou os 24 dias em que o antigo militar ocupou o cargo de conselheiro de Segurança Nacional.

“O povo americano merece saber se o General Flynn estava a promover secretamente interesses privados destes negócios”, escreveram Cummings e Engel.

Se Flynn tiver de facto violado a lei que o obriga a divulgar tais ligações, pode vir a enfrentar uma pena de cinco anos de prisão. Segundo o jornal “The Guardian”, os investigadores que estão a analisar as ligações da equipa Trump ao Kremlin podem usar esta ameaça de prisão para “persuadir os sujeitos que estão a ser investigados a cooperar, em troca de indulgência”.

Michael Flynn demitiu-se do cargo de conselheiro de Segurança Nacional na Casa Branca em Fevereiro deste ano. A demissão surgiu depois de não ter divulgado ao vice-presidente Mike Pence todas as comunicações que teve com o embaixador russo em Washington, Sergei Kisliak.