A normalização das taxas de juro em níveis baixos e a previsível melhoria das margens de lucro das empresas criam uma oportunidade para investir nas ações europeias. Num espaço de três anos, uma carteira diversificada pode registar uma valorização na ordem dos 30%. A aposta é da gestora britânica Schroders, cujos fundos de investimento gerem quase 500 mil milhões de euros em todo o mundo.

A recomendação consta de uma nota de investimento assinada por Rory Bateman, responsável pela pesquisa em ações europeias e britânicas da Schroders. O especialista assinala que “tem havido muitas opiniões que sugerem que as avaliações dos ativos, incluindo as ações, já entraram num território irracional”. É verdade que as ações, de um modo geral, têm sido um bom investimento nos últimos “mas acreditamos que as ações europeias têm mais margem para subir”, diz Bateman.

Num horizonte a três anos, acreditamos que os investidores podem beneficiar de uma valorização de 30% dos mercados [europeus]”.

Os juros baixos previstos para os próximos anos — um pressuposto baseados nas comunicações recentes do Banco Central Europeu (BCE) — são um dos fatores que vão ser favoráveis para as empresas, tanto para as ações (que são uma alternativa com mais risco mas também mais remuneração potencial) como para as próprias operações das empresas (que beneficiam dos custos de financiamento relativamente baixos).

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Houve nos últimos 10 meses uma subida das taxas de juro a nível global, sobretudo à conta das expectativas em torno da política de Donald Trump nos EUA, mas “esse efeito já se desvaneceu e as taxas de juro estão novamente próximas dos níveis antes da eleição de Trump”. Em sincronia com as taxas de juro nos EUA, também a dívida alemã (referência para ativo sem risco na Europa) está a ver os juros baixarem, o que tem um efeito de contágio para toda a economia.

Por outro lado, há bons sinais nas economias europeias. “De um ponto de vista macroeconómico, há sinais claros de que o super porta-aviões que é a economia europeia está numa tendência de melhoria, algo que acreditamos que irá continuar”, diz Rory Bateman, acrescentando que “a crise da zona euro teve um impacto grande sobre a rentabilidade das empresas e levou bastante tempo a que o desemprego voltasse a cair e e que houvesse uma maior utilização da capacidade produtiva” na região.

Os dois fatores, em conjunto, fazem antever um “processo plurianual em que as margens de lucro na Europa podem aproximar-se das margens das empresas dos EUA”. Assim, “acreditamos que pode haver muito a ganhar nas ações europeias, apesar da recente fraqueza dos mercados causada pelas tensões com a Coreia do Norte e pelos receios em torno da sustentabilidade do crescimento económico a nível global”.

Descida nos últimos meses ajuda a criar oportunidade de entrada, diz Schroders

As ações europeias dissiparam cerca de 7% entre os máximos anuais (em abril) e as últimas semanas, o que só ajuda a criar uma “oportunidade de entrada”, diz a Schroders.