Uma bomba explodiu durante a manhã desta sexta-feira no interior de uma carruagem na estação de metro de Parsons Green, na zona sudoeste de Londres, provocando 29 feridos. O número é superior ao que foi inicialmente avançado pelos serviços de emergência londrinos (que davam conta de 19 feridos), porque alguns dos pacientes não foram transportados de ambulância

O Estado Islâmico reivindicou o ataque através da sua agência de notícia, a Amaq, na sexta-feira à noite. Theresa May diz que o nível de ameaça terrorista no país subiu para crítico, depois de horas antes ter afirmado que me se mantinha inalterado. Isto significa que “é esperado um ataque de forma iminente”. Mark Rowley, da Polícia Metropolitana de Londres (Met), disse em conferência de imprensa que estão a ser feitos “excelentes progressos para deter os responsáveis” pelo atentado.

Rowley adiantou que o explosivo foi levado pelas autoridades para ser analisado por inspetores forenses e que é expectável que a população veja mais polícias armados nas ruas. O corpo policial também está a ser reforçado com meios militares (serão cerca de 1.000), disse o responsável pela Met, que deixou ainda um alerta: “Permaneçam vigilantes. E se ouvirem ou virem algo suspeito, sigam o vosso instinto e contactem as autoridades”, afirmou.

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Oito feridos que estavam a receber assistência médica no hospital de Saint Thomas tiveram alta a meio da tarde desta sexta-feira, diz o The Guardian. Há mais oito pessoas a serem assistidas no hospital de Chelsea e Westminster, três no Saint Mary, três no Central London Community Healthcare Walk In Centre e três no de Parsons Green. A Direção-Geral de Saúde do Reino Unido pediu a todos os que tivessem sido afetados pela explosão em Parsons Green para pedirem apoio junto dos profissionais de saúde.

O presidente da Câmara de Londres reforçou no Facebook o pedido da polícia metropolitana: para as pessoas se manterem vigilantes e informarem as autoridades caso identifiquem alguém que possa estar relacionado com o ataque da manhã desta sexta-feira. “O nível de alerta nacional subiu para crítico depois do ataque terrorista cobarde e demoníaco em Parsons Green. Como a nossa primeira-ministra disse, este é o nosso nível mais elevado de prontidão de segurança”, escreveu.

The national threat level has now been raised to 'critical' after the evil and cowardly terrorist attack at Parsons…

Posted by Mayor of London on Friday, September 15, 2017

A explosão terá acontecido por volta das 8h20, hora a que a Polícia Metropolitana (Met) e serviço de ambulâncias de Londres foram chamados ao local. As fotografias e vídeos divulgados nas redes sociais mostram um balde a arder, dentro de um saco de compras do supermercado Lidl. Terá sido aí que teve origem a explosão que provocou queimaduras em vários dos passageiros. A Met confirmou que o rebentamento teve origem uma engenho explosivo improvisado, que está a ser examinado. O jornal The Guardian avança que o objeto terá explodido apenas parcialmente e que tinha um temporizador.

Segundo a Sky News, que cita fontes próximas da investigação, a polícia identificou um suspeito. Para isso, as autoridades terão recorrido a câmaras de videovigilância. À rádio LBC, o presidente da câmara de Londres, revelou que “está a decorrer uma caça ao homem” mas que não podia divulgar se as autoridades estavam à procura de algum suspeito específico. A BBC acrescenta que a “caça ao homem” está a envolver centenas de detetives.

Dal Babu, um ex-responsável pela Polícia Metropolitana, disse à BBC que quem planeia ataques deste tipo parece ser muito sofisticado online, mas muito pouco sofisticado no que diz respeito a executá-los.

“Temos indivíduos que utilizam dados encriptados – pelo WhatsApp, Facebook ou outro tipo de redes – para assegurar que conseguem erradicar pistas e avançar com as suas conversas, num nível de encriptação tão elevado que não pode ser quebrado. “E no outro lado temos esta crueza: um balde com o que parecem ser produtos químicos com um temporizador”, afirmou Dal Babu.

Zona perto de Parsons Green foi evacuada. Polícia terá identificado um suspeito

Um comunicado emitido pela Polícia Metropolitana refere que foi necessário fazer uma evacuação para garantir que a bomba estava estável. “Um pequeno número de residentes vão ser afetados pela evacuação, num raio de aproximadamente 50 metros. O metro de Parsons Green irá manter-se fechado e o público deve continuar a evitar a área”, refere um comunicado da Met. Por volta das 19 horas, as pessoas que vivem perto de Parsons Green começaram a regressar a casa.

Perto da estação de Parsons Green, vários habitantes já tinham sido obrigados a sair de casa pela polícia que está à procura de outras bombas, refere o The Telegraph.

Além dos serviços de emergência e dos bombeiros, estão também no local agentes da Met e da Polícia Britânica de Transportes (BTP). A estação de Parsons Green foi fechada e o metro suspenso entre as estações de Earl’s Court e Wimbledon enquanto as autoridades investigam o incidente, entretanto declarado um “ato terrorista”. “É demasiado cedo para confirmar a causa do fogo, que será alvo de uma investigação a cabo do Comando de Contraterrorismo da Met. A estação permanece fechada e aconselhamos as pessoas a evitarem a área”, afirmou a Polícia Metropolitana em comunicado.

Mark Rowley, da Polícia Metropolitana, informou que foi feito um reforço de polícia em Londres, especialmente nos transportes, que deverá ser mantido até ao resto do dia. A investigação está a contar com o apoio do MI5. Entretanto, os Transportes de Londres anunciaram que a linha que vai da estação de Earl’s Court a Wimbledon vai permanecer fechada durante o resto do dia.

“Vi um homem com a cara toda ensanguentada. Nunca vi nada assim.”

Os relatos das testemunhas no local referem pessoas com queimaduras no corpo e cobertas de sangue. “Creio que foram feridos pelo objeto ou por uma coisa parecida”, disse Richar Aymler-Hall, de 53 anos, citado pelo Agência Lusa. Já Sham contou ao The Telegraph que viu um homem com a cara ensanguentada. “Havia muitas pessoas a chorar e a tremer, a coxear e cobertas de sangue”, relatou. “Vi um homem com a cara toda ensanguentada. Nunca vi nada assim.”

Sylvain Penne estava a cerca de nove metros do objeto quando ouviu a explosão. “Ouvi uma explosão e quando olhei havia chamas por todo o lado”, contou também ao The Telegraph. “As pessoas começaram a correr, mas tivemos sorte porque a carruagem estava mesmo a chegar a Parsons e as portas abriram.”

Peter Crowley relatou que a sua cabeça ficou queimada por “uma bola de fogo muito intensa”. “Havia muitas pessoas piores do que eu”, disse à BBC. Outro passageiro entrevistado pela BBC contou que ouviu uma “explosão muito forte” e que viu “pessoas com ferimentos leves, queimaduras na cara, braços e nas pernas”.

Theresa May convoca reunião de emergência mas mantêm nível de ameaça inalterado

Boris Johnson, ministro dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, apelou para que todos mantenham a calma apesar de a informação disponível ser muito “limitada”. “É muito importante não especular neste momento. Toda a gente deve manter a calma e continuar com a vida de forma normal. A Polícia Britânica dos Transportes está a tratar do assunto”, disse à Sky News.

Theresa May convocou uma reunião do COBRA, o comité de emergência do governo, que discutiu durante a tarde o incidente em Parsons Green. Antes do encontro, o gabinete da primeira-ministra britânica emitiu um comunicado em que agradeceu aos serviços de emergência a resposta “rápida e corajosa”. “Os meus pensamentos estão com os que ficaram feridos em Parsons Green e com os serviços de emergência que, mais uma vez, estão a responder de forma rápida e corajosa a um incidente que se suspeita ser um ato terrorista.”

No final da reunião, May informou que o nível de ameaça no Reino Unido iria manter-se inalterado e que não seria elevado para crítico (decisão que foi alterada horas depois). “O nível de ameaça continua severo. Isto significa que um ataque terrorista é muito provável, mas isto manter-se-á em atualização à medida que a investigação continua”, disse a primeira-ministra britânica, citada pelo The Guardian. A população deve continuar com a sua vida mas manter-se vigilante. Quem viajar para Londres irá ver um aumento na presença da polícia armada nos transportes públicos. A segurança será aumentada.”

May disse ainda que “o engenho explosivo tinha como objetivo causar enormes danos” e que “a ameaça terrorista” que o país enfrenta é grave, mas que “trabalhando em conjunto derrotá-la-emos”. Para a primeira-ministra, é necessário “lidar não só com o desafio do terrorismo, mas também com o extremismo e o ódio que o provocam”.

Sadiq Khan, presidente da câmara local, também apelou a que todos se mantenham “calmos e vigilantes”. “A cidade condena os indivíduos hediondos que tentaram usar o terror para nos magoar e destruir a nossa forma de vida. Como Londres tem vindo a provar uma e outra vez, nunca seremos intimidados ou derrotados pelo terrorismo“, afirmou. Sadid Khan disse ainda estar em contacto com todas as autoridades competentes e que irá estar presente na reunião de emergência que irá decorrer pelas 13h em Whitehall.

Jeremy Corbyn, do Partido Trabalhista, também reagiu ao atentado: “Os meus pensamentos estão com aqueles que ficaram feridos no incidente terrorista de Parsons Green”, escreveu no Twitter.

Donald Trump: Scotland Yard tem de ser mais proativa

O Presidente norte-americano já reagiu ao atentado desta sexta-feira, que considerou ter sido levado acabo por um “terrorista falhado”. “São pessoas doentes e dementes que a Scotland Yard tinha debaixo de olho. Têm de ser mais proativos!”, escreveu no Twitter.

Afirmando que é preciso lidar com “os terroristas falhados de uma maneira muito mais dura” e arranjar uma forma de limitar o acesso à Internet, “a principal ferramenta de recrutamento”, Donald Trump defendeu a necessidade de restringir ainda mais a entrada de imigrantes nos Estados Unidos da América. “Mas, estupidamente, isso não seria politicamente correto!”, comentou. “Fizemos mais progressos nos últimos nove meses no combate ao ISIS do que a Administração Obama em oito anos. Temos de ser proativos e maus!”

Questionada sobre as declarações de Trump à saída da reunião do COBRA, May disse que “nunca é útil especular sobre uma investigação em curso”. A polícia e os serviços de segurança estão a trabalhar para compreender as circunstâncias deste ataque cobarde e identificar os responsáveis”, adiantou.

A BBC diz que Donald Trump já telefonou a Theresa May por causa do ataque desta manhã. “O presidente Trump ligou à primeira-ministra para lhe enviar as condolências pelo ataque cobarde que aconteceu esta manhã em Londres”, disse um porta-voz do número 10 de Downing Street. Mais tarde, em Maryland, o presidente norte-americano disse que esta manhã tinha “falado com uma mulher maravilhosa, a primeira-ministra britânica Theresa May” e que lhe tinha reiterado o “compromisso de erradicar o terrorismo do nosso planeta. O terrorismo radical islâmico vai ser erradicado, acreditem em mim”.

O primeiro-ministro francês afirmou esta sexta-feira, numa visita à Alemanha que “os seus pensamentos estavam com aqueles que foram feridos no ataque de Londres desta manhã, e também para para o militar atacado no metro de Paris”. “Estes dois eventos realçam a ameaça muito séria que enfrentamos todos, de forma coletiva, quer estejamos em França, no Reino Unido ou na Alemanha”, afirmou.

O porta-voz das Nações Unidas, Stephane Dujarric, também afirmou que a instituição está “obviamente a seguir e a monitorizar os desenvolvimentos” desta manhã em Londres. “Condenámos o ataque e desejamos uma rápida recuperação a todos os que ficaram feridos. As Nações Unidas estão solidárias com as pessoas e o governo do Reino Unido e esperamos que estes perpetradores ou perpetrador seja rapidamente entregue à justiça”, adiantou.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, também enviou uma mensagem à rainha do Reino Unido, Isabel II,na qual afirma ter recebido “com consternação” a notícia do ataque.

“Quero expressar a Vossa Majestade, em meu nome e em nome do povo português, o meu repúdio por este atentado, que condeno nos termos mais veementes, bem como a minha firme convicção na força e na determinação do povo britânico em fazer face a este ataque aos valores que nos unem”, acrescenta.

Marcelo Rebelo de Sousa transmitiu a Isabel II a sua “profunda solidariedade, em particular para com todos aqueles que foram afetados por este atentado”, a quem deseja “rápida recuperação”.

Lidl oferece ajuda à polícia

O Lidl emitiu um comunicado em que se diz chocado e preocupado com o incidente da manhã desta sexta-feira. O saco onde a bomba foi colocada pertencia à cadeia de supermercados alemã. “Vamos, obviamente, apoiar as autoridades se precisarem da nossa ajuda na investigação. Estamos a seguir a situação à medida que vai evoluindo ao longo do dia”, refere o comunicado, citado pelo The Guardian.

https://twitter.com/Michael_Heaver/status/908608462812262400