O ministro das Finanças admitiu esta sexta-feira, em Talin, que tem havido “um conjunto de conversas” sobre a possibilidade de se candidatar à presidência do Eurogrupo, e, sem assumir explicitamente essa candidatura, garantiu que Portugal participará ativamente no processo.

À entrada para a reunião informal de ‘rentrée’ dos ministros das Finanças da zona euro, na capital da Estónia, numa altura em que se aproxima o final do mandato de Dijsselbloem (janeiro próximo) e se fala insistentemente no seu nome como forte candidato ao cargo, Mário Centeno escusou-se a assumir interesse no posto, mas considerou que Portugal pode dar um bom contributo à Europa, deixando a porta aberta a essa possibilidade.

Vamos participar nessa discussão com a maior das tranquilidades, tendo como objetivo trazer para a Europa e para Portugal aquilo que de mais positivo nós conseguimos oferecer, e isso são as nossas ideias, a nossa participação e vamos ser muito ativos nessa matéria”, disse aos jornalistas, à chegada à reunião.

Questionado sobre se tem recebido incentivos dos seus homólogos para se candidatar, limitou-se a dizer que “há um conjunto de conversas”, que tem abordado com enorme tranquilidade, mas também de forma determinada.

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“Com enorme tranquilidade, vos asseguro, e com a mesma determinação com que temos abordado as questões económicas, financeiras e sociais, vamos tratar desse assunto tendo como objetivo aquilo que é o sucesso do programa político que temos para Portugal, que acreditamos nele, e que também nessa dimensão tem que ser defendido e valorizado”, declarou.

Segundo Centeno, o atual momento da economia portuguesa “é também muito valorizado em termos europeus”, algo que deve “encher de orgulho” os portugueses, e considerou que esse reconhecimento “é apenas mais uma dimensão da participação ativa que Portugal tem que ter no seio da Europa”.

“Temos um projeto que, partindo daquilo que são os pontos fortes da economia portuguesa e da nossa sociedade, se possam também eles transmitir e passar para os valores europeus”, apontou. Ainda assim, Centeno reafirmou que, atualmente, está focado em prosseguir o trabalho a que o Governo se propôs.

“Eu desde o início o que disse é que aquilo em que estou focado é que o Governo português consiga atingir os objetivos que estão inscritos no seu programa. Temos tido enorme sucesso nessa caminhada e pensamos que há ainda muito para fazer, esse é o meu foco principal”, afirmou.

Entretanto, o atual presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, afirmou hoje que é sua intenção completar o seu mandato, que expira em meados de janeiro próximo, “sob qualquer circunstância”, mesmo que deixe de ser, entretanto, ministro das Finanças da Holanda.

Questionado sobre a possibilidade de abandonar mais cedo a presidência do Eurogrupo dada a previsível tomada de posse, em breve, de um novo Governo (e ministro das Finanças) holandês, referiu que o assunto não foi abordado, “e a razão é que não há motivo para o discutir”.

Depois de gracejar com o jornalista que lhe colocou a questão, afirmando que “pelos vistos tem mais informação sobre a chegada de um novo Governo na Holanda” do que ele próprio, Dijsselbloem revelou então que é sua intenção ficar até final do mandato, com ou sem novo ministro das Finanças holandês. “Na situação atual sou ainda ministro das Finanças e presidente do Eurogrupo. E por falar nisso, é minha intenção, sob qualquer circunstância, completar o meu mandato, que vai até meados de janeiro”, declarou.