Estão entregues os Ignobel, os galardões que distinguem as descobertas científicas mais estranhas do ano. A 27ª edição dos prémios que “primeiro fazem rir e depois pensar” decorreu esta quinta-feira em Harvard e distinguiu, entre outros, gatos líquidos e sólidos, vampiros e música para fetos.

Leu bem: este ano, o IgNobel da Física foi para o estudo de Marc-Antoine Fardin que argumenta que os gatos podem ser considerados sólidos e líquidos em simultâneo pela sua capacidade de se adaptarem à forma de qualquer recipiente. O estudo francês foi baseado em fotografias que circulam na internet com gatinhos encaixados numa grande variedade de sítios, desde frascos de compota até lavatórios. Fardin garante que se podem considerar gatos como líquidos porque líquido é toda a matéria que muda a sua forma de acordo com o recipiente em que se encontra, adaptando-se à sua forma.

Exemplos das várias posições que os gatos podem apresentar, apresentados na cerimónia (Fonte: YouTube)

O IgNobel da Obstetrícia foi uma novidade, este ano. O prémio foi atribuído a Marisa López-Teijón, uma espanhola especialista em reprodução assistida, que, com a sua equipa, criou um o Babypod, que é uma pequena coluna de som que é colocada na vagina da grávida. A equipa defende que o feto reage de maneira mais forte ao som do que quando ouve música por um dispositivo colocado sobre a barriga.

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A cerimónia também se debruçou sobre as pessoas que não suportam comer queijo. Melhor dizendo, o investigador francês Jean-Pierre Royet, ao usar imagens de ressonância magnética para estudar a atividade cerebral dessas pessoas, descobriu que um centro de recompensa associado à alimentação desliga-se e outras zonas do cérebro ativam-se quando essas pessoas cheiram queijo cheddar ou o queijo suíço gruyère. Valeu-lhe o IgNobel da Medicina.

Já os australianos Matthew Rockloff e Nancy Greer receberam o prémio da Economia, depois de terem provado que as apostas são feitas de forma mais ponderada depois de se segurar um crocodilo com um metro de comprimento. O prémio de Biologia foi para uma equipa de investigação japonesa que descobriu insetos em gruas no Brasil que têm “pénis feminino e uma vagina masculina”.

O IgNobel da Nutrição premiou o primeiro vampiro encontrado pela brasileira Feranda Ito, pelo canadiano Enrico Bernard e pelo o espanhol Rodrigo Torres. A equipa descobriu uma espécie de morcego que se alimenta mesmo de sangue humano.

O prémio da Paz foi para a equipa que desenvolveu o Didjeridu, um instrumento musical de sopro da Austrália, que, acreditam, ajuda a melhorar a apneia do sono e o ronco.

Demonstração do Didjeridu (Fonte: YouTube)

Já o IgNobel de Dinâmica de Fluídos – sim, tem este nome – foi atribuído ao coreano Jiwon Han que provou que quando se transporta uma chávena andando de costas há menos probabilidades de se entornar o líquido que se transporta.

A cerimónia premiou ainda o trabalho de James Heatcote, o médico britânico que procurou encontrar a razão para os idosos terem as orelhas grandes. Os resultados do estudo mostram que elas – as orelhas – crescem devido à gravidade (cerca de 0,22 milímetros por ano). O médico levou para casa o IgNobel da Anatomia.

Finalmente a equipa de Matteo Martini ganhou o prémio de Estudos Cognitivos, por provar que os irmãos gémeos têm dificuldade em se identificarem numa fotografia quando aparecerem juntos.

O conceito dos prémios Ignobel é inspirado nos Prémios Nobel e, ao mesmo tempo, com o que de mais insólito houve no mundo científico – o ignóbil. A cerimónia decorreu nos Estados Unidos, no Teatro Sanders da Universidade de Harvard, na quinta-feira. Pode assistir à cerimónia aqui.