José Sócrates considera que Fernando Medina está a ser vítima de uma “armadilha política” e acusa o Ministério Público de ajudar a que a questão da compra de uma casa nas Avenidas Novas, em Lisboa, se torne um “assunto crítico” da campanha às autárquicas.

Medina não declarou ao Tribunal Constitucional compra de ‘duplex’ de 645 mil euros

Num vídeo intitulado “A Golpada”, publicado este domingo, o ex-primeiro-ministro aborda a compra de um duplex por parte do presidente da Câmara de Lisboa, referindo que Fernando Medina está a ser vítima de uma “armadilha política”, tal como aconteceu consigo.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Conheço bem a armadilha política porque também já fui vítima dela. Ela encerra, aliás, um requinte de perversidade em que a vítima se torna duplamente vítima. Vítima da calúnia em primeiro lugar, mas impedido de reclamar essa condição, pois se o fizer estará a vitimizar-se”, acusa o socialista.

O antigo primeiro-ministro considera ainda que “a circunstância da cilada” impõe ao autarca que “deixe de ser vítima para ser apenas o que é: um alvo”, que tem de “explicar-se com detalhe, pormenor atrás de pormenor”.

“A partir daqui, o que vemos é o estado de direito invertido. Competirá a partir daqui ao candidato provar a sua inocência e defender-se de toda a infâmia.”

Para José Sócrates, o que torna “esta golpada particularmente repugnante”, é o facto de o Ministério Público fazer com isto se torne “assunto crítico” da campanha para as autárquicas, que se realizam no próximo dia 1 de outubro.

“Há por um lado a cobardia do ato anónimo, sim. Há também a calúnia da denúncia, há o debate político da campanha que fica conspurcado com este miserável episódio. Todavia, não iludamos o ponto essencial: é que nada disto se passaria sem a prestimosa contribuição do Ministério Público que, conscientemente, ao tornar pública a denúncia e a investigação, entrega a esta atoarda a legitimidade necessária para que ela se possa transformar no assunto crítico desta campanha eleitoral.”