O presidente-executivo da Ryanair, Michael O’Leary, assegurou esta segunda-feira que o cancelamento de voos nas próximas seis semanas não se deve a falta de pilotos, mas a um “erro” na distribuição de férias, tendo assumido “toda a responsabilidade pessoal”.

Numa conferência de imprensa realizada em Dublin, sede da companhia aérea, O’Leary pediu desculpas aos milhares de passageiros que serão afetados por esta medida, mas insistiu que apenas serão afetados 2% de todos os voos da companhia, líder na Europa no setor low cost (baixo custo).

Não temos falta de pilotos. Houve uma falha na distribuição das férias e não temos uma reserva de pessoal suficiente para enfrentar os transtornos sofridos, como os provocados por controladores ou pela climatologia”, explicou o dirigente.

Segundo O’Leary, faltam pilotos e pessoal de cabine para substituir os que estão de férias em setembro e outubro ou para substituir as equipas de voo que ficam retidas, como aconteceu em Barcelona no passado fim de semana, devido a “uma tempestade”.

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Neste contexto, “temos que suspender cerca de 50 voos” diários durante as próximas seis semanas, “enquanto temos estes problemas” com o pessoal, para corrigir a pontualidade, apontou, citado pela agência Efe.

Num curto comunicado divulgado na sexta-feira, a companhia disse que iria cancelar 40 a 50 voos por dia a partir dessa data e até ao fim de outubro, ou seja, a anulação de 2.000 voos no total.

O’Leary indicou que a companhia vai publicar hoje uma lista completa dos voos cancelados nestas seis semanas, até ao final de outubro, mas referiu que a maioria dos cancelamentos vai ocorrer em rotas “muito concorridas” onde podem ser oferecidas aos passageiros várias alternativas.

Enviaremos emails a todos os nossos clientes hoje à tarde e vamos fazer atualizações nas redes sociais“, acrescentou o presidente da Ryanair, reconhecendo que além de oferecer alternativas, deverá pagar indemnizações avaliadas em 20 milhões de euros.

A Comissão Reguladora da Aviação Irlandesa indicou em comunicado que a companhia aérea “pode oferecer aos passageiros transporte similar até ao destino final se não houver voos alternativos disponíveis na companhia”.

Em relação a compensações económicas, o gabinete europeu do consumidor em Dublin afirmou que as companhias aéreas podem evitá-las se demonstrarem que os voos foram cancelados por circunstâncias extraordinárias ou alheias ao seu controlo, o que não é o caso da Ryanair.

Segundo a AFP, desde o início do ano, 140 pilotos deixaram a Ryanair para integrar a companhia de baixo custo Norwegian Air. A ações da Ryanair baixaram 1,93% para 16,74 euros na Bolsa de Dublin e o líder da empresa reconheceu que este caso pode ter um impacto negativo de 25 milhões de euros nas contas.