O Presidente brasileiro, Michel Temer, disse esta terça-feira na abertura da 72.ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque, que as reformas económicas propostas pelo seu Governo farão do Brasil um país mais aberto.

“O Brasil atravessa um momento de transformações decisivas. Com reformas estruturais, estamos a superar uma crise económica sem precedentes. Estamos a resgatar o equilíbrio fiscal. E, com ele, a credibilidade da economia”, disse Michel Temer.

“Aprendemos e estamos a aplicar, na prática, esta regra elementar: sem responsabilidade fiscal, a responsabilidade social não passa de discurso vazio. O novo Brasil que está surgindo das reformas é um país mais aberto ao mundo“, completou o chefe de Estado brasileiro.

Ignorando o contexto interno brasileiro, como os escândalos de corrupção que o envolvem e a outros membros do Governo, Michel Temer também defendeu no seu discurso ações de diplomacia e a necessidade de reformas nesta organização multilateral.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Neste momento da história, de tão marcados traços de incerteza e instabilidade, necessitamos de mais diplomacia e negociação — nunca menos. De mais multilateralismo e diálogo — nunca menos. Certamente necessitamos de mais ONU — e de uma ONU que tenha cada vez mais legitimidade e eficácia”, afirmou.

O Presidente disse que “é imperativo” reformar as Nações Unidas, citando diretamente a necessidade de ampliar o Conselho de Segurança, reiterando as intenções do Governo brasileiro que quer um assento permanente neste órgão da ONU. Outro tema mencionado pelo chefe de Estado brasileiro foi a defesa do desenvolvimento sustentável, tema eleito na agenda 2030 da ONU.

“O compromisso do Brasil com o desenvolvimento sustentável é de primeira hora (…) Na presidência da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) elegemos a Agenda 2030 como eixo das nossas atividades. Em todas as frentes, o Brasil procura dar a sua contribuição para os objetivos do desenvolvimento sustentável”, referiu.

Para exemplificar as ações do Brasil em prol do desenvolvimento sustentável, Michel Temer citou que o país ratificou o Acordo de Paris, comprometendo-se a diminuir emissões de gases com efeito de estufa, e mencionou dados preliminares que indicaram que no ano passado houve uma diminuição de mais de 20% do desmatamento na Amazónia brasileira.

Temer também aproveitou o seu discurso para condenar o Governo da Coreia do Norte, classificando os recentes testes nucleares e na Península Coreana de “grave ameaça”.

O Brasil condena, com toda a veemência, esses atos. É urgente definir encaminhamento pacífico para situação cujas consequências são imponderáveis”, acrescentou.

Sobre a Venezuela, país vizinho do Brasil que está mergulhado numa crise política e económica sem precedentes, Michel Temer afirmou que “a situação dos direitos humanos continua lamentavelmente a deteriorar-se”.

“Estamos ao lado do povo venezuelano, a quem nos ligam vínculos fraternais. Na América do Sul, já não há mais espaço para alternativas à democracia. É o que afirmamos no Mercosul [bloco comercial formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai], é o que continuaremos a defender”, concluiu o chefe de Estado brasileiro.