Girona era até junho a única província da Catalunha que nunca tinha contado com um clube de futebol na Primeira Liga de Espanha. Barcelona e Espanyol à parte, já tinham passado por lá emblemas mais ou menos conhecidos dos adeptos em geral como o Lleida, o Europa, o Gimnàstica Tarragona, o Sabadell e o Condal. Todos menos o Girona FC, os Blanquivermell que nasceram em 1930. Esta noite (19h45), pela primeira vez, jogará no Campeonato frente a Leo Messi, Luís Suárez, Iniesta e companhia. E num contexto muito especial e particular.

Até agora, a estreia tem corrido dentro das expetativas iniciais, a fugir aos lugares de despromoção com cinco pontos noutras tantas partidas (uma vitória, dois empates, duas derrotas). E com interesse especial do Manchester City: desde agosto que a sociedade do Girona FC pertence ao City Football Group, empresa que tem entre outros clubes os citizens e que garantiu 44,3%, e ao Girona Football Group, liderado por Pere Guardiola, irmão de Pep. que tem também 44,3%. É por isso que há no plantel cinco jogadores cedidos pelos ingleses (os catalães Pablo Maffeo e Aleix García, o brasileiro Douglas Luiz, o nigeriano Larry Kayode e o colombiano Marlos Moreno).

Este sábado, no Montilivi, o Girona-Barcelona (que, segundo o Sport, se defrontaram apenas uma vez em termos oficiais para a Taça do Generalíssimo, em 1948/49, com goleada do Barça por 9-0) terá tanto de futebol como de política. O La Vanguardia, à boleia do nascimento de um novo dérbi, destaca a forte presença de adeptos blaugrana na zona e faz o resumo das chaves táticas do encontro de logo. Já o El Confidencial, que fala em “lei da rolha” no Real Madrid a propósito da instabilidade política e social na Catalunha, aborda um jogo que será muito mais do que isso. Nunca o lema do Barça “mais do que um clube” terá feito tanto sentido.

Recordando os comunicados de Girona e Barcelona na quarta-feira sobre a situação que se vive na Catalunha e a reivindicação do direito a decidir dos catalães (a título de curiosidade, o presidente da Generalitat, Carles Puigdemont, nasceu na aldeia de Amer, perto de Girona, e foi alcaide entre 2011 e 2016), a publicação antevê que o Montilivi será um palco de excelência para cânticos de protestos sobre a atual situação que se vive em torno do referendo de 1 de outubro. A presença de Carles Puigdemont ainda não está confirmada, mas daria ainda mais peso a todas as possíveis manifestações.

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Várias figuras do desporto têm manifestado durante a semana o seu apoio ao referendo de 1 de outubro, como o central do Barcelona Gerard Piqué, o treinador do Manchester City Pep Guardiola ou o piloto do Moto GP Aleix Espargó. Sempre de forma isolada. Hoje, num dia marcado até ao momento pela notícia de que o governo passará a assumir o controlo dos Mossos, a polícia da Catalunha, desporto e política vão unir-se como nunca.

Governo Catalão não aceita controlo dos Mossos por parte do Estado