Em ano de eleições autárquicas, o Observador convidou os leitores a enviarem, através deste formulário, denúncias relativas a promessas dos seus presidentes de câmara que ficaram por cumprir. Das centenas de informações que nos continuam a chegar, escolhemos as mais relevantes e publicamos, até às eleições, os resultados.

Onde?

Município de Torres Vedras (distrito de Lisboa). É o concelho com maior área do distrito de Lisboa, está dividido em 13 freguesias, e tem perto de 80 mil habitantes.

Quem?

Carlos Bernardes (PS), presidente da Câmara Municipal de Torres Vedras desde 2015.

Bernardes foi vice-presidente da autarquia até 2015, ano em que Carlos Miguel, presidente desde 2005, foi para o Governo como secretário de Estado das Autarquias Locais. Nesse ano, Carlos Bernardes assumiu a presidência da câmara torriense. Este ano, candidata-se ao primeiro mandato como presidente eleito.

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Cartaz da candidatura de Carlos Bernardes às autárquicas deste ano

Qual foi a promessa?

Construir um crematório no cemitério de S. Miguel, em Torres Vedras. A proposta veio claramente expressa no manifesto eleitoral da candidatura socialista em 2009 e voltaria a aparecer no manifesto de 2013, mas já com um pequeno recuo.

  • Em 2009: “Construir um Crematório no Cemitério de S. Miguel, em Torres Vedras.”
  • Em 2013: “Continuaremos a envidar esforços para encontrar um parceiro privado interessado na construção de um crematório que sirva toda a região oeste.”

Excertos dos manifestos eleitorais de 2009 e de 2013 da candidatura socialista, onde é prometida a construção do crematório (DR)

Qual é o ponto de situação?

Não foi até hoje construído um crematório no cemitério de S. Miguel. Atualmente, os habitantes de Torres Vedras e de grande parte da região oeste necessitam de se deslocar a Lisboa para cremar os familiares falecidos, se assim o pretenderem.

Qual a justificação da autarquia?

Contactado pelo Observador, o presidente da Câmara Municipal de Torres Vedras confirmou que mantém a intenção de instalar um crematório no cemitério de S. Miguel, mas justificou o adiamento da construção com o desinteresse do mercado privado em assegurar a construção e exploração da estrutura.

“Fizemos um conjunto de diligências para que neste mandato que está terminar conseguíssemos ter o crematório a funcionar, mas os players do mercado não viram viabilidade financeira para o projeto. O primeiro modelo em que pensámos era um modelo de conceção, construção e exploração, em que nós concessionávamos todo o projeto a um privado, mas não conseguimos encontrar interessados”, explicou Carlos Bernardes, por telefone, ao Observador.

Face a esta realidade, o autarca garante que a câmara está já “a fazer um estudo de viabilidade económico-financeira para depois lançar um concurso público, mas num modelo diferente”. A segunda tentativa será “um modelo em que a Câmara Municipal constrói o crematório e depois concessionamos a sua exploração”, explica Bernardes. “Estou convicto de que este modelo irá resultar”, sublinha.

O concurso público deverá ser lançado assim que o estudo estiver concluído, o que deverá acontecer no próximo ano, destaca Carlos Bernardes, garantindo que este “é um processo que continua em cima da mesa”. “É uma necessidade grande aqui. Hoje muita gente já pede para ser cremada e as famílias têm de se deslocar para Lisboa para o fazer. Nós, aqui, podíamos ter uma estrutura para servir toda a região oeste”, conclui o autarca.