Os meios aéreos utilizados no Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais (DECIF) lançaram este ano, pela primeira vez, espuma contra os fogos e a Autoridade Nacional de Proteção Civil está a avaliar outras soluções existentes.

O Correio da Manhã noticiou no sábado que o ex-presidente da ANPC Francisco Grave Pereira tinha dado parecer positivo ao uso de um retardante para combater os fogos florestais, mas que o produto não tinha sido comprado pelo Estado.

Questionada pela Lusa, a ANPC explicou que “tem vindo, nas diferentes fases do DECIF 2017, a empregar um espumífero no combate aos incêndios rurais com meios aéreos”, tratando-se de “uma novidade face a anos anteriores”.

Em paralelo, explicou, “continua a avaliar outras soluções existentes no mercado no que toca a caldas e retardantes”, sendo necessário “apurar qual a solução mais adequada ao caso português”.

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A ANPC disse estar a avaliar mais produtos, precisando de ter em conta, nomeadamente “a composição do coberto vegetal, a organização dos povoamentos florestais”, o impacto nos ecossistemas e os que melhor se adaptem às características técnico-operacionais dos meios aéreos de combate a incêndios.

“Depois do teste realizado em 2016 com espumífero, este ano realizaram-se outros com produtos igualmente disponíveis no mercado. Atualmente, decorre ainda a avaliação operacional e económica do emprego desses produtos nos aviões anfíbios ‘Fireboss’. Esta avaliação ficará concluída após a Fase Delta do DECIF 2017”, que terminará a 30 de outubro, adiantou a autoridade de proteção civil à agência Lusa.

Os incêndios florestais consumiram este ano quase 210 mil hectares, a maior área dos últimos 10 anos, segundo dados provisórios do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).

Segundo o relatório provisório do ICNF sobre incêndios florestais, relativo ao período de 01 de janeiro e 15 de setembro, registaram-se um total de 13.346 ocorrências (2.827 incêndios florestais e 10.519 fogachos) que resultaram em 209.678 hectares de área florestal ardida.

Em relação ao mesmo período de 2016, este ano a área ardida aumentou cerca de 35% e as ocorrências de fogo subiram quase 21%. O mês de agosto liderou com a maior área ardida em Portugal continental (72.508 hectares) que representa cerca de 34,6% da área ardida total até à data, seguido de julho (60.734) e junho (52.070).

O INCF indica também que, até 15 de setembro, registaram-se 137 grandes incêndios (área total afetada igual ou superior a 100 hectares) que queimaram 187.060 hectares de espaços florestais, cerca de 89% do total da área ardida.

O relatório estima que arderam na Rede Nacional de Áreas Protegidas (RNAP) 22.513 hectares de espaços florestais, destacando o Parque Natural do Douro Internacional, o Monumento Natural das Portas de Ródão e a paisagem protegida da Serra da Gardunha.