O Governo da Venezuela acusou esta segunda-feira os Estados Unidos de exercerem “terrorismo psicológico” após a decisão que proíbe a entrada no território norte-americano de diversos dos seus cidadãos, em particular funcionários oficiais.

A decisão “é incompatível com o direito internacional e constitui uma forma de terrorismo psicológico e político”, referiu o ministério dos Negócios Estrangeiros em comunicado.

“A Venezuela rejeita categoricamente a irracional decisão do Governo dos Estados Unidos de catalogar uma vez mais o nobre povo venezuelano como uma ameaça à sua segurança nacional” sob “falsos pressupostos” de “ameaça terrorista à ordem pública norte-americana”, prossegue o comunicado divulgado pelo ministério.

No domingo, a Coreia do Norte, Venezuela e Chade foram incluídos na lista de países abrangidos pelo decreto migratório norte-americano por infrações à segurança dos seus cidadãos e ausência de cooperação com Washington. O novo texto proíbe ou limita a entrada nos Estados Unidos de cidadãos estrangeiros de oito países, onde já estavam previamente incluídos o Irão, Líbia, Síria, Somália e Iémen. O Sudão, um dos seis países muçulmanos visados pelo anterior decreto, foi retirado da lista.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

As medidas são diversas, e de acordo com os países. Todos os cidadãos da Coreia do Norte e do Chade estão proibidos de acesso a território norte-americano, enquanto a proibição se limita aos membros de uma vasta lista de instâncias governamentais venezuelanas e às suas famílias. O decerto entra em vigor para os três novos países em 18 de outubro.

A Venezuela, que atravessa uma crise política e económica com manifestações de violência, foi também selecionada pela sua ausência de cooperação nos processos de verificação dos viajantes. Washington já impôs sanções financeiras à Venezuela e o Presidente norte-americano advertiu no início de agosto que os Estados Unidos estão a encarar diversas opções, incluindo militar, para pôr termo à crise.

País produtor de petróleo, a Venezuela está arruinada pela queda dos preços do crude. Perante a escassez de produtos alimentares e o aumento vertiginoso dos preços, milhares dos seus habitantes, convocados pelas forças da oposição, manifestaram-se quase diariamente entre abril e julho para exigir a demissão do Presidente “bolivariano” Nicolás Maduro, eleito em 2013 e cujo mandato termina no início de 2019.


O movimento de contestação, com frequentes incidentes violentos, provocou 125 mortos em quatro meses nos dois campos opostos, e um crescente antagonismo entre pode e oposição.

No entanto, em meados deste mês, Maduro assegurou que “após semanas de conversações” entre delegados do seu Governo e da oposição, os dois campos estão “próximos” de um acordo para ultrapassar a crise no país latino-americano.