Conquistar a câmara municipal de Torres Novas, recuperar a autarquia de Salvaterra de Magos e impedir maiorias absolutas à esquerda. Estes são os principais objetivos do Bloco de Esquerda para estas eleições autárquicas, de acordo com as palavras da líder Catarina Martins, em entrevista à SIC no Jornal da Noite de terça-feira. “As maiorias absolutas têm sido um problema ao desenvolvimento do poder autárquico”, declarou a líder partidária, defendendo que é necessária convergência à esquerda nas autarquias “em matérias como a habitação e os transportes”.

Admitindo que todas as maiorias absolutas “têm tiques de autoritarismo”, Catarina Martins apontou baterias aos executivos dominados pela CDU. “Não achamos que uma maioria absoluta da CDU é igual a uma de PSD/CDS, mas há matérias sempre adiadas”, declarou, dando como exemplos “as barracas em concelhos da CDU, como Almada”.

Depois de um dia de campanha em Torres Novas, a líder do Bloco reforçou que tem fé na vitória da sua candidata ao concelho, Helena Pinto, e também disse crer que há condições para recuperar a câmara de Salvaterra de Magos — única autarquia alguma vez conquistada pelo BE, que liderou entre 1997 e 2013. “Nalguns sítios disputamos a câmara, noutros queremos eleger vereadores ou aumentar os que temos”, resumiu Catarina Martins.

Questionada sobre um bom resultado eleitoral poderia ajudar o Bloco nas negociações para o Orçamento do Estado (OE) que estão a decorrer, Catarina Martins admitiu que “o reforço do Bloco dá sempre mais condições”, mas quis evitar focar-se no OE. “As eleições autárquicas deviam estar menos contaminadas pelas negociações”, declarou. Tal não a impediu de fazer algumas críticas sobre o processo de negociações. “As coisas deviam ter sido feitas com mais tempo”, disse, admitindo que “há atrasos” nas negociações.

Sobre o novo escalão de IRS que está a ser negociado com o Governo e que implica um custo de 30 milhões extra, relativamente aos 200 milhões previstos no Programa de Estabilidade, Catarina Martins disse que este “é um montante simbólico” e que não é ainda suficiente. “Tem de haver um equilíbrio entre quem paga impostos neste país”, disse, dando como exemplo a descida do IRC, que inicialmente se previa ser compensada através do aumento da derrama estadual, algo que nunca chegou a acontecer.

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