A frase feita

“Parecemos sardinhas em lata.” (Teresa Leal Coelho)

E eis que finalmente, a três dias do final da campanha, o PSD acertou no tom. Teresa Leal Coelho desceu ao metropolitano logo de manhã cedo para mostrar que a alternativa ao automóvel, que tanto comove Fernando Medina, é ineficaz (porque leva a atrasos) e é desconfortável (porque não tem espaço para todos). E assim se torna possível argumentar que toda a política de mobilidade do actual presidente da câmara assenta num equívoco e numa fantasia.

Para fazer isto, que é fundamental para quem quer ganhar votos, não são precisos barões partidários (que têm abundado ao lado de Leal Coelho), nem jotinhas (que têm faltado). Afinal, como se vê, teria sido tão simples fazer uma boa campanha em Lisboa.

A frase desfeita

“Cada voto perdido, cada voto que não é exercido pode correr o risco de levar à derrota, não podemos descansar, nada está ganho.” (Jerónimo de Sousa)

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De um lado, os candidatos do PS aproveitam as boas notícias do Governo para se reforçarem. Do outro, os candidatos do BE tentam que a sua força nacional se traduza, finalmente, numa força autárquica. E no meio, espremidinho e preocupadíssimo, o PCP faz tudo para resistir.

A linguagem de Jerónimo de Sousa é a tradução de um estado de espírito sombrio. Fala em “votos perdidos”, em “risco de derrota” e em “dificuldades”. Depois de 1 de Outubro, não há meio termo: ou o PCP está eufórico e pronto para apertar com o PS dentro do Governo; ou o PCP está em depressão e pronto para apertar com o PS fora do Governo.

A frase perfeita

“Espero que os portuenses nos deem a maioria absoluta no domingo.” (Rui Moreira)

Com mais uma sondagem a dar Rui Moreira e Manuel Pizarro lado a lado, o actual presidente da Câmara do Porto decidiu partir para a estratosfera: pela primeira vez na campanha, pediu a maioria absoluta.

A sondagem (que Moreira acusa de “manipulação”) bipolariza definitivamente a corrida. À esquerda, Pizarro tem que ir buscar votos aos 8% do PCP e aos 7% do BE. À direita, Moreira tem um problema: segundo a Católica, ao PSD já só restam 9%. Mesmo estando em causa um candidato como Álvaro Almeida, não é realista esperar que os social-democratas baixem muito mais. Sabendo o que sabemos hoje, Rui Moreira precisa desesperadamente de uma dramatização. Ela chegou hoje.