O primeiro-ministro disse esta quinta-feira, em Talin, confiar que a formação de um novo Governo na Alemanha não implicará retrocessos nos progressos alcançados na zona euro, e elogiou as posições “muito corajosas” da chanceler Angela Merkel nesta matéria.

Em declarações à imprensa imediatamente antes de participar, na capital da Estónia, num jantar informal de chefes de Estado e de Governo da União Europeia sobre o futuro da UE, António Costa admitiu esperar com particular expectativa “o que a senhora Merkel pode hoje dizer”, depois de ter sido reeleita no domingo passado para um quarto mandato como chanceler da Alemanha, embora fragilizada (a “sua” CDU obteve o pior resultado de sempre).

Apontando que, na discussão desta noite, Portugal vai reafirmar que a grande prioridade deve ser a consolidação e aprofundamento da União Económica e Monetária (UEM), o primeiro-ministro sustentou que, “para isso, é absolutamente essencial dar prioridade à convergência, económica e social, entre as diferentes economias” e notou que o processo tem avançado: “Hoje estamos mais perto do que estivemos no passado”, disse.

As declarações da senhora Merkel em plena campanha eleitoral foram muito corajosas, porque não eram propriamente populares na Alemanha, e o seu compromisso com a zona euro foi importante”, começou por observar.

Questionado sobre a anunciada saída de Wolfgang Schäuble do cargo de ministro das Finanças da Alemanha, estimou que “o estilo pode ser que mude”, mas vaticinou que “a política há de ser essencialmente a mesma”

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Mas depende muito da formação do Governo que vier a ser feita na Alemanha, visto que os resultados das ultimas eleições deram uma grande indefinição sobre as soluções de Governo, e as soluções de Governo implicam coligações com partidos que têm posições bastante diversas sobre o futuro da Europa, e portanto aí obviamente há uma expetativa obviamente grande para saber o que é que a senhora Merkel hoje pode dizer”, disse.

António Costa disse todavia ter “confiança de que os progressos que designadamente a senhora Merkel apresentou, e o próprio senhor Schauble nos últimos tempos apresentou, relativamente ao futuro da zona euro não tenham um retrocesso agora neste novo Governo alemão”.

Ainda sobre o jantar informal, considerou-o “uma excelente oportunidade para prosseguir o debate sobre o futuro da UE”, com novos contributos sobre a mesa.

Tem havido várias posições públicas: o presidente (da Comissão Europeia, Jean-Claude) Juncker fez uma intervenção muito importante na reabertura do Parlamento Europeu, o presidente (do Conselho, Donald) Tusk convocou uma cimeira da zona euro para dezembro, para aprofundarmos a reflexão sobre a zona euro, o presidente (francês, Emmanuel) Macron, a chanceler (alemã, Angela) Merkel recentemente tomaram posições públicas sobre a matéria, a senhora (primeira-ministra britânica, Theresa) May fez um discurso muito importante sobre o processo do Brexit, portanto há vários temas em cima da mesa que são importantes”, disse.

O primeiro-ministro deslocou-se esta quinta-feira à Estónia para participar num jantar informal de chefes de Estado e de Governo da União Europeia convocado pelo presidente do Conselho Europeu para um debate “aberto e franco” sobre o futuro da Europa.

O jantar de trabalho informal antecede uma “cimeira digital”, que terá lugar na sexta-feira em Talin, na qual António Costa não participará (regressando a Portugal para o último dia de campanha para as eleições autárquicas), o mesmo sucedendo com o chefe de Governo espanhol, Mariano Rajoy, que se debate internamente com o polémico referendo previsto para domingo na Catalunha.