O tão badalado caso dos emails ganhou visibilidade pública através das denúncias feitas por Francisco J. Marques, diretor de informação e comunicação do FC Porto, no programa Universo Porto de Bancada no Porto Canal, mas nasceu em termos efetivos através de uma denúncia anónima entregue no Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) a 8 de junho. A partir daí, a Unidade Nacional de Combate à Corrupção (UNCC) da Polícia Judiciária (PJ) montou uma operação que envolvia buscas e apreensão de documentos. Envolvia, tempo passado: segundo a revista Sábado, o juiz Jorge Marques Antunes recusou autorizar essas diligências no último dia em que estava de serviço na Instrução Criminal da Comarca de Lisboa e nada avançou.

De acordo com a publicação, o juiz alegou sobretudo o facto de se tratar de um processo que tinha correspondência obtida de forma ilícita, que não pode ser utilizada como meio de prova. Assim, as buscas que estavam previstas a instalações do Benfica, ao gabinete e residência do presidente do clube, Luís Filipe Vieira, e do assessor jurídico, Paulo Gonçalves, e à casa do comentador e antigo diretor de conteúdos da BTV, Pedro Guerra, caíram por terra, o que terá deixado a PJ “em polvorosa”. Até porque a própria investigação terá recolhido antes vários depoimentos que não são confirmavam o teor dos emails divulgados por Francisco J. Marques como acrescentavam novos dados.

FC Porto revela mais emails para acusar Benfica de “esquema que envolve arbitragem”

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“Os tais emails estão fechados e selados no processo mas em momento algum foram utilizados como meio de prova. Alguns dos emails foram revelados publicamente. Para a investigação, é necessário obter de forma legal as comunicações originais de forma a confirmar a veracidade dos elementos tornados públicos”, revelou à Sábado um investigador da PJ, que classificou a decisão do juiz como “incompreensível”.

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Recorde-se que, já depois da divulgação de vários emails com temas como a alegada ligação do Benfica às claques não legalizadas do clube, Francisco J. Marques leu, nos programas de 6 e 13 de junho, correspondência entre Paulo Gonçalves, Pedro Guerra, o ex-árbitro Adão Mendes e o delegado da Liga Nuno Cabral, entre outros, a partir da qual concluía que o Benfica estava implicado num “esquema que envolve arbitragem e adultera a verdade desportiva”.

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Em paralelo, e numa reunião onde estiveram presentes Luís Filipe Vieira, Paulo Gonçalves e vários advogados da Vieira de Almeida e Associados, o Benfica gizou uma estratégia de contra-ataque que passava também por avançar com duas queixas-crime (crimes informáticos e ofensa a pessoa coletiva) contra Francisco J. Marques, Porto Canal (via Avenida dos Aliados, Sociedade de Comunicação) e SAD do FC Porto, incluindo Pinto da Costa.

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Nuno Saraiva, diretor de comunicação do Sporting, reagiu à notícia na sua conta oficial do Facebook. “Esperemos que ninguém se lembre de enfiar estes processos numa gaveta como aconteceu, de forma inacreditável e lamentável, com o inquérito de apoio ilegal às claques ilegais em que tudo estava absolutamente provado e fundamentado”, destacou o responsável leonino entre outras considerações sobre os casos dos vouchers e dos emails.

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