A Proteção Civil dos Açores informou que se regista desde a tarde desta sexta-feira um “incremento da atividade sísmica” no vulcão das Furnas, na ilha de São Miguel, havendo ainda o registo de “alguns microssismos” na área do vale das Furnas.

Registou-se desde as 14h27 de hoje [mais uma hora em Lisboa] um incremento da atividade sísmica no vulcão das Furnas, em São Miguel, numa faixa com cerca de cinco quilómetros de comprimento, direção noroeste/sueste, que se estende da zona da Ribeira Quente até à lagoa das Furnas”, informa o Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros, que cita o Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA).

Segundo a Proteção Civil dos Açores, também “têm sido registados alguns microssismos mais dispersos na área do vale das Furnas”.

Os eventos mais energéticos ocorreram às 14h46, com magnitudes 3,1 e 3,0, e tiveram epicentros localizados a dois e a um quilómetro, respetivamente, a noroeste da Ribeira Quente, no concelho da Povoação”, adianta a nota.

De acordo com a informação disponível até ao momento, os sismos foram sentidos com intensidade máxima V/VI na escala de Mercalli Modificada na Ribeira Quente.

Os eventos foram ainda sentidos com intensidade V nas Furnas, IV/V na Povoação, e IV no Faial da Terra, no concelho da Povoação, e Ponta Garça, no concelho de Vila Franca do Campo”.

À agência Lusa, o reitor da Universidade dos Açores e responsável pelo CIVISA, João Luís Gaspar, afirmou que tem sido registada “alguma atividade sísmica acima do normal na região das Furnas”, assinalando que esta “tem sido marcada por eventos de baixa, muito baixa magnitude”.

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No geral, sismos de magnitude inferior a 3 na escala de Richter e, portanto, de um modo global acabam por caracterizar uma situação que não é a primeira vez que ocorre naquela área geográfica”, referiu João Luís Gaspar, vulcanólogo.

O responsável do CIVISA, organismo sediado no polo de Ponta Delgada da universidade, salientou que esta atividade sísmica “está a ocorrer essencialmente em terra e, portanto, alguns dos sismos, embora de baixa magnitude, têm vindo a ser sentidos pela população”.

“O padrão que tem vindo a ser registado não apresenta uma trajetória descendente nesta altura”, explicou, esclarecendo ser “possível que nas próximas horas esta atividade sísmica possa manter-se”.

A atividade está a ser acompanhada pelo CIVISA e pela Proteção Civil, sendo que a população residente e flutuante desta área, que “é uma importante área turística da ilha de São Miguel”, está “informada de como proceder em situações desta natureza”.

João Luís Gaspar acrescentou que em “situações desta natureza as equipas de monitorização e de Proteção Civil acompanham os padrões de atividade e é esse tipo de padrão que vai ser, de certa maneira, determinante para a tomada de decisões”.

Segundo o reitor da Universidade dos Açores, esta atividade sísmica “ocorre numa zona que coincide com uma área de vulcanismo ativo na ilha de São Miguel”, salientando que o CIVISA tem “também naquela zona outro tipo de sensores” que medem a libertação de gases, parâmetros físico-químicos das águas e deformação crustal.

Até ao momento não há nenhuma variação, nenhum indício de alteração do estado deste complexo vulcânico além da atividade sísmica”, frisou.

Quanto à população, esta deve acompanhar a informação da Proteção Civil e CIVISA e evitar estar junto “de zonas e estruturas mais vulneráveis à atividade sísmica”, recomendou.