O presidente do governo regional da Catalunha, Carles Puigdemont, defensor da independência da região na sequência do referendo de domingo, apelou este sábado a uma mediação para o conflito político e institucional com o governo central de Madrid.

O governo espanhol e o Tribunal Constitucional do país consideraram ilegal a realização da consulta popular nos termos propostos pelo governo catalão, uma vez que a Lei Fundamental espanhola apenas permite referendos abertos à participação de todos os espanhóis.

Puigdement, que insistiu em avançar com o referendo apesar das sucessivas decisões contra, da justiça, defende agora uma mediação para o conflito, mas sem indicar qualquer instituição.

Nós devemos exprimir uma vontade clara de dispor de uma mediação seja qual for o cenário, quer ganhe o sim ou o não”, declarou o presidente do Governo à agência francesa AFP.

Apesar de não referir especificamente qualquer instituição, o destinatário da mensagem parece ser a União Europeia (UE).

Quem aceitar a responsabilidade por esta mediação sabe que pode contar com a vontade da parte catalã de participar e dialogar… E a partir desse momento seria lógico uma atitude ativa de acompanhamento e de interesse por parte da União Europeia”, acrescentou.

No domingo, disse Puigdement, “o que não vai acontecer é irmos todos para casa e renunciar aos nossos direitos… o governo tudo fez para que tudo se desenrole de forma normal“.

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Carles Puigdemont apelou aos catalães para que evitem todas as formas de violência.

Na mesma entrevista, Puigdemont reiterou que continua disposto a renunciar a este escrutínio considerado ilegal pela justiça, caso o governo de Mariano Rajoy (PP, direita conservadora) aceite abrir negociações que permitam um referendo legal.

No entanto, no passado, o governo regional catalão deixou claro que só aceita um referendo com votantes catalães, algo que a Constituição espanhola proíbe expressamente. Ou seja, qualquer discussão teria de começar numa revisão constitucional, algo que requer uma maioria de dois terços no parlamento.

“Se o Estado espanhol disser ‘vamos pôr-nos de acordo quanto a um referendo’… nós paramos já aqui. Evidentemente que esta é a via que todos os catalães apoiam”, salientou Carles Puigdemont.