Autárquicas. De quatro em quatro anos, é sempre a mesma lenga-lenga dos votos, urnas, projeções e resultados. Quando o futebol anda de braço dado com a política, há jornada do campeonato antes ou depois de domingo (este ano é a exceção à regra) e o Benfica dá-se mal desde o século passado.

Mil-nove-e-noventa-e-três para ser mais preciso. Dos 8,5 milhões de inscritos, só 63,43% vão às urnas e PS (36,10%) à frente do PSD (33,72%). O Benfica opta por jogar no dia 10 e sai-se bem, com 1-0 na Reboleira, cortesia Rui Costa. A partir daí, nunca mais o Benfica dá um ar de sua graça.

Em Dezembro 1997, nova jornada eleitoral antecipada por bola. Dos 8,9 milhões de inscritos, só 60,10% vão às urnas e PS (38,07%) à frente do PSD (32,85%). Na véspera, só sete jogos antecipados e o Benfica, curiosidade das curiosidades, perde com o Marítimo nos Barreiros por 1-0. Marca Bino, num jogo em que o treinador escocês Graeme Souness relega Nuno Gomes para o banco de suplentes na sequência de uma troca de galhardetes qualquer.

Vira-se o século e já estamos em Dezembro 2001. Dos 8,7 milhões de inscritos, só 60,12% vão às urnas e PS (34,12%) à frente do PSD (28,22%). Na véspera, os nove jogos do campeonato ao vivo e a cores, o dérbi da Luz incluído. Marcam Simão (penálti) e Zahovic. Nos últimos cinco minutos, o Sporting chega ao inesperado empate com bis de Jardel, aos 85′ (penálti inexistente de Caneira e assinalado por Duarte Gomes) e 87′ minutos (de cabeça, assistência de Tello).

O último ato é em Setembro 2013. Dos 9,5 milhões de inscritos, só 52,6% vão às urnas e o PS reclama vantagem sobre o PSD. O Benfica de Jesus tropeça em casa com o Belenenses. O paraguaio Cardozo marca cedo, Diakité empata ainda na primeira parte. É o fim da picada. Por um dia ou dois. Segue-se a passadeira vermelha para o primeiro título do tetra em curso.

Agora, em 2017, isto dos Barreiros. Um-um. A gafe das autárquicas.

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