O fadista Ricardo Ribeiro e o Quarteto ARTEMSAX & Lino Guerreiro são vencedores do Prémio Carlos Paredes/2017, no valor pecuniário de 2.500 euros, anunciou esta segunda-feira a câmara de Vila Franca de Xira, que o patrocina.

“A edição 2017 do Prémio Carlos Paredes teve como vencedores, ex-aequo, Ricardo Ribeiro, com o álbum ‘Hoje é assim, amanhã não sei’, e o Quarteto ARTEMSAX & Lino Guerreiro, com ‘Projeto Michel Giacometti'”, lê-se no comunicado da autarquia ribatejana.

Os dois projetos vencedores, sendo estruturalmente diferentes, representam o que de melhor se faz atualmente e de forma complementar, por um lado no fado tradicional e, por outro, na música tradicional, reinventada com um estilo único”, refere o júri, citado pela edilidade.

O júri foi constituído pelo escritor José Jorge Letria, em representação da câmara municipal vila-franquense, pelo compositor e músico Pedro Campos, pelo crítico musical Ruben de Carvalho e pelo compositor e cantor Carlos Alberto Moniz, em representação da Sociedade Portuguesa de Autores.

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Ao prémio concorreram 26 obras, todos trabalhos discográficos editados no ano passado, tendo o júri “salientado a qualidade, quantidade e diversidade dos projetos apresentados, o que de certa forma contrasta com a crise vivida pelo mercado”, segundo a mesma fonte.

O Prémio Carlos Paredes é atribuído anualmente, desde 2003, pela Câmara de Vila Franca de Xira, com o objetivo de “homenagear um nome ímpar da nossa cultura musical e distinguir trabalhos discográficos de música instrumental não erudita, nomeadamente de raiz popular, que tenham sido editados no ano anterior a cada edição”.

O fadista Ricardo Ribeiro, de 36 anos, iniciou a carreira musical aos 12, e este ano foi um dos nomeados ao Prémio Melhor Artista do Ano pela revista britânica Songlines – que o definiu como a melhor voz masculina do fado da sua geração -, precisamente pelo álbum “Hoje é assim, amanhã não sei”.

No álbum, produzido por Carlos Manuel Proença, Ricardo Ribeiro “conjuga a sua voz pujante a músicos de excelência, a letristas e compositores de grande valor”, como João Maria dos Anjos, Vasco de Lima Couto, Manuel Mendes, Tozé Brito, Joaquim Pimentel, João Paulo Esteves da Silva, entre outros, segundo a autarquia.

Ricardo Ribeiro apresenta “Hoje é assim, amanhã não sei”, na sexta-feira à noite, no Auditório Municipal Eunice Muñoz, em Oeiras, com os músicos Bernardo Romão, na guitarra portuguesa, Bernardo Saldanha, na viola, e Daniel Pinto, na viola-baixo.

O Quarteto ARTEMSAX, que existe há 15 anos, é composto por João Pedro Silva (saxofone soprano), João Cordeiro (saxofone alto), Rui Costa (saxofone tenor) e Helder Madureira (saxofone barítono).

“Com uma carreira entusiasmante e reconhecida internacionalmente, os ARTEMSAX têm vindo a procurar novos caminhos e formas originais de ligar a sua performance a um sentido pedagógico, procurando promover o gosto pela música e o despertar de sensibilidades”, segundo a câmara de Vila Franca.

O grupo tem estreado obras criadas para si por compositores como Jorge Salgueiro, José Condinho e Lino Guerreiro.

O compositor Lino Guerreiro iniciou os estudos aos 19 anos no Conservatório Regional de Setúbal. Guerreiro é diretor artístico do projeto mixEnsemble, professor de Análise e Técnicas de Composição e de Música de Câmara, no Conservatório de Música D. Dinis, em Odivelas, leciona também Teoria e Análise Musical e de Música de Câmara na Escola Profissional da Metropolitana, em Lisboa.

Segundo a mesma fonte, na génese do “Projeto Michel Giacometti”, “duas vontades se cruzam, a criação de um ‘objeto’ promotor da identidade cultural portuguesa e o desafio da procura da modernidade”.

O Cancioneiro Popular Português, de Michael Giacometti e Fernando Lopes-Graça serviu de base à recolha dos temas apresentados no disco, “coabitando nestes a essência genuína da música popular e de novas abordagens estilísticas, denotadas nas orquestrações de Lino Guerreiro”.

Este trabalho, além da parceria do Quarteto ARTEMSAX com o compositor Lino Guerreiro, conta com a participação do Grupo Coral Ausentes do Alentejo, os Bardoada – o Grupo do Sarrafo, do percussionista Marco Fernandes, do acordeonista Paulo Machado e do Trio de Cordas de Palmela.

O primeiro vencedor do prémio foi Bernardo Sassetti, com o seu álbum “Noturno”. Ricardo Rocha, Mário Laginha, Pedro Jóia, Ricardo Rocha, Rão Kyao, Carminho e Pedro Caldeira Cabral foram alguns dos músicos distinguidos com o Prémio Carlos Paredes.

A data da cerimónia de entrega do prémio “será anunciada oportunamente”, pela câmara de Vila Franca de Xira.