Travis Kalanick, fundador da Uber, foi afastado em julho do cargo de presidente executivo da empresa. Mas a saída da liderança daquele que é o unicórnio (empresa que vale mais de mil milhões de dólares) não cotado mais valioso da história parece não ter sido suficiente para que Kalanick perdesse poder. Na passada sexta-feira, sem avisar o conselho de administração, nomeou dois novos membros para o mesmo órgão: Ursula Burns e John Thain.

O fundador da Uber demitiu-se

Ursula Burns, antiga presidente executiva da Xerox, e John Thain, antigo presidente do conselho de administração do banco de investimento Merrill Lynch (agora fundido com o “Bank of America”), foram os nomes avançados pelo polémico Kalanick. A batalha maquiavélica pelo controlo da mais valiosa startup do mundo, como refere a Bloomberg, ganha assim mais um capítulo. Kalanick afirmou estar “a nomear estes membros como resposta à proposta feita recentemente pelo conselho de administração, que visa uma reestruturação dramática e alterar significativamente o direito de voto da empresa”. Segundo a Uber, as nomeações foram “uma surpresa completa”. Dos nove lugares do conselho, Travis, que faz parte, controla um terço.

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Está marcada uma reunião do conselho de administração para a próxima terça-feira e já há várias propostas em cima da mesa que poderão alterar a balança de poder na empresa. A que mais afeta Kalanick é aquela que lhe retira um dos três lugares na mesa do conselho, passando-o para o SoftBank Group Corp., uma tecnológica japonesa que quer fazer um investimento avultado na Uber. Outra das propostas diz respeito ao regresso de antigos presidentes à liderança da empresa. Se a proposta for aprovada e Kalanick quiser voltar ao cargo é preciso que dois terços do conselho concordem, avisou uma fonte à Bloomberg.

Kalanick saiu da presidência da empresa em junho, após várias revelações de uma cultura de trabalho agressiva e sexista, que envolvia situações de assédio sexual. Pouco tempo depois de se ter demitido, o fundo de investimento Benchmark, um dos principais acionistas da empresa, processou o ex-líder por alegada fraude e violação de deveres contratuais. Kalanick reagiu, afirmando que o processo se baseava em “crenças”.

Uber. Travis Kalanick reage e diz que acusação de fraude é “vergonhosa”

E agosto, Dara Khosrowshahi foi nomeado o novo presidente executivo da Uber e logo em setembro a tecnológica passou por mais um obstáculo: perdeu a renovação da licença para operar em Londres. Para recorrer da decisão britânica e mudar a imagem da empresa, o novo presidente executivo pediu desculpa por “todos os erros”.

Novo presidente da Uber pede desculpa pelos erros que a empresa cometeu