Decidido a reduzir custos e a realizar algum encaixe financeiro, num grupo que não prima pela melhor saúde financeira, o CEO da Fiat Chrysler Automobiles (FCA), Sergio Marchionne, acaba de anunciar a intenção de concretizar a separação do fabricante italiano de peças Magneti Marelli, com vista a uma possível venda, já durante o próximo ano. Algo que já não deverá acontecer com as marcas Alfa Romeo e Maserati, pois, neste caso, Marchionne assume não ter tanta pressa numa hipotética venda.

Intervindo num evento realizado na passada segunda-feira, em Rovereto, no norte de Itália, Marchionne mostrou-se bem mais contido relativamente as estas duas marcas automóveis. Assumindo mesmo que a sua autonomização até pode não acontecer durante o plano estratégico que está a ser elaborado para os próximos cinco anos, e que estará em vigor de 2018 a 2022. Período que, garantidamente, trará novidades em termos de veículos eléctricos e autónomos, ainda que o objectivo passe por tornar rentáveis os modelos eléctricos a baterias que a grupo já comercializa.

Vender o Fiat 500e é um péssimo negócio

Segundo o próprio CEO fez questão de afirmar, em declarações reproduzidas pela agência Reuters, o grupo está a perder, actualmente, cerca de 20 mil dólares em cada versão eléctrica do Fiat 500. Ou seja, cerca de 17 mil euros!

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“Não há quaisquer conversações”

Por outro lado, embora assumindo estar à procura de parceiros com os quais possa partilhar os custos de desenvolvimento de novos produtos, Marchionne desmentiu a existência de conversações, nesse sentido, com a sul-coreana Hyundai. Negando igualmente qualquer aproximação ao fabricante chinês Great Wall.

E se o próximo dono da FCA fosse… a Hyundai?

“Não tenho qualquer grande negócio em cima da mesa”, garantiu o italiano, numa altura em que diz estar mais interessado em alcançar as metas, em termos de redução da dívida, fixadas para 2018. Ou até mesmo em encontrar o seu sucessor, para que possa afastar-se em 2019, tal como já anunciado.

“Electrificação não é a resposta”

Quanto à questão dos eléctricos, o CEO da FCA não deixou de assumir as suas reticências:

Devido às obrigações, em termos temporais, impostas na Europa, somos obrigados a enveredar pela electrificação. No entanto, se me perguntar se acho que essa é a resposta, digo-lhe já que não!”

Para Marchionne, “é preciso que estejamos absolutamente preparados para a tecnologia que possa vir a vingar”, algo que só será possível caso os fabricantes ditos tradicionais consigam acelerar os processos de decisão, de modo a conseguirem competir com companhias mais jovens e mais ágeis. “Somos uma indústria muito lenta a reagir. Para nós, tomar uma decisão é um processo que leva muito tempo.” Pelo contrário, empresas como a Tesla, “movem-se à velocidade de um foguete”, defendeu.