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O que disse Passos Coelho nas entrelinhas do discurso de despedida

Este artigo tem mais de 5 anos

O que significa o elogio a Paulo Rangel? Ou dizer que não fica a rondar nem a assombrar o PSD? Ou que não se vai calar? A descodificação e o comentário ao discurso de Passos Coelho. Por Vítor Matos

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JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA

JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA

Pedro Passos Coelho despediu-se da liderança do PSD na noite desta terça-feira, com um discurso na abertura do Conselho Nacional onde explicou as razões da não recandidatura — que pode ser entendida como uma demissão. Elogiou Paulo Rangel, admitiu que não antecipava uma derrota tão pronunciada nas autárquicas, explicou porque tinha de sair da chefia do partido, deixou um breve testamento político e avisou que não se calava embora garantindo que não ia assombrar os sucessores. Embora não deixe qualquer sinal sobre a atividade política no futuro (não renega nem promete regressar), Passos encaixa na máxima de que as carreiras políticas acabam quase sempre mal. Com derrotas.

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As frases principais do discurso de Passos Coelho estão a itálico. Os comentários e a análise aparecem a amarelo:

“Confesso a minha surpresa com o resultado das eleições. Confesso que este não foi um resultado que eu esperasse. O resultado dois dias depois pode não parecer tão pesado como se afigurou no domingo à noite. Pode achar-se que tendo igualado o numero de votos de 2013, o resultado possa não ser ter sido tão mau como se pintou, mas creio que o resultado foi muito pesado e isso é ineludível.”

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É estranho Pedro Passos Coelho dizer que não esperava este resultado, pois eram esperados por toda a gente. Talvez tivesse esperança que o partido apenas tivesse um mau resultado em vez de péssimo. Esta é uma forma de Passos admitir que cometeu erros de cálculo, mas também de mostrar que não estava a ser hipócrita quando andou pelo país a apoiar candidatos em quem dizia acreditar. Se o resultado 48 horas depois parece menos pesado, é porque a equipa de Passos andou a fazer contas para demonstrar que os números não eram uma desgraça total: o PS cresceu de 1,7 milhões de votos nas legislativas para 1,9 milhões nas autárquicas (tinha tido 1,8 milhões nas autárquicas de 2013) enquanto à direita os votos somados do PSD com o CDS caíam de 1,9 milhões nas legislativas para 1,6 milhões de votos nestas autárquicas (que comparam com 1,7 milhões de votos nas locais de 2013). Visto assim, a hecatombe aparece atenuada. Em Lisboa, muita gente andou a contabilizar votos para a Assembleia Municipal e juntas de freguesia para mostrar que o voto no PSD estava vivo e que o voto de rejeição com transferência para o CDS dizia respeito apenas aos votos na candidata Teresa Leal Coelho.

“Só temos um resultado comparável em presidências de câmaras em 82, na sequência se uma situação complexa, em que a própria solução de Governo liderada pelo PSD estava em grandes dificuldades e um ano depois viria a conhecer o seu termo em consequência do resultado de eleições autárquicas, em função da reação do nosso parceiro de coligação. Foi o pior resultado que tivemos desde em 82”.

Passos recordou que, em 1982, Freitas do Amaral, então líder do CDS, se demitiu do Governo e deitou abaixo a AD porque a coligação tinha tido menos votos nas autárquicas do que nas legislativas. Nesse ano, o PSD teve apenas 88 câmaras e perdeu 30 presidentes. É também uma forma de reconhecer que as autárquicas se medem em câmaras e não em votos. O balanço da sua liderança é este: em 2010 herdou o PSD com 139 câmaras; em 2013, deixou escapar mais de 30 autarquias e os municípios laranja caíram para 106; agora, os sociais-democratas têm apenas 95 câmaras, incluindo as que governam em coligação com o CDS. O PSD encolheu 44 câmaras em sete anos.

“Resultado foi mau e foi pesado (…). Pode dizer-se que outros ainda tiveram resultados mais pesados, foram praticamente varridos das eleições, mas isso é lá com eles. O PCP perdeu muito, mas acha que há outras coisas que compensam essas perdas.”

Forma de procurar companhia no infortúnio, sublinhando que no PSD as derrotas são assumidas politicamente: os comunistas perderam um terço das câmaras - de 34 para 24 - uma quebra pior que a do PSD, mas daquele lado nada acontece. Nem à liderança, nem ao posicionamento político. A provocação de Passos: estar na "geringonça" a influenciar o Governo compensa essas perdas. Compensará? É o que vamos ver nas próximas semanas.

“Julgo que o CDS não terá tido um resultado tão ambicioso como procurou pintar, mas ninguém de bom senso diminuiria o resultado que teve e sobretudo que a sua líder teve em Lisboa.”

Dizer que o CDS não teve um resultado tão bom quanto pintou é que é falta de senso. Um pequeno partido, que não é autárquico, consegue roubar Oliveira do Bairro ao PSD e passar de cinco para seis câmaras? É pouco. Mas ter 21% em Lisboa e mais votos do que o PSD teve coligado com o CDS em 2013 é uma humilhação para o partido. Na sua análise, desvalorizou a vitória que mais contribuiu para a sua demissão, quando devia ter pedido desculpa ao partido: a sua responsabilidade é direta e total na escolha de uma candidata que ele conhecia melhor do que ninguém. Já que vai sair de cena, podia ter admitido que a melhor solução teria sido mesmo a coligação.

“Creio que é objetivo que todos os riscos que foram identificadas em termos nacionais pela comissão das autárquicas, pelas distritais, se materializaram . Todos. Só uma parte das oportunidades previstas se materializaram também. As oportunidades que estavam previstas.”

Foi elaborado pela coordenação autárquica uma lista de municípios em perigo na preparação do processo eleitoral. O PSD teve um desastre em Lisboa e no Porto. Perdeu oportunidades em Odivelas, Sintra e Coimbra. E em concelhos onde o PS se dividiu, como foi o caso de Barcelos, e que é sociologicamente do PSD. E falhou em todos.

“Não há nenhuma dúvida de que o caráter das eleições é local, como sempre afirmei, as eleições têm uma leitura e um significado nacional. Estes resultados também responsabilizam e penalizam a liderança nacional. Disse com muita antecedência que não me demitiria mas mantenho o que disse. O partido não ficará em gestão. Não apresentei a minha demissão”.

É uma afirmação peculiar, porque Passos Coelho recusou na campanha e pré-campanha a leitura nacional das eleições. Sempre disse que não se demitiria e que não se punha ao fresco se perdesse. Mas nestas circunstâncias em que as eleições são à beira das diretas e do congresso ordinário, é apenas um truque de retórica dizer que não se trata de uma demissão -- embora não fique meses a empatar o partido como fez Ferreira Leite depois das legislativas de 2009. A não candidatura de Passos e a antecipação das diretas para dezembro corresponde a uma efetiva demissão com efeitos retardados.

“Tive de tomar ao longo da minha vida decisões importantes para as quais tinha a certeza absoluta do que era importante. Senão ficava como aqueles médicos que pedem exames de diagnóstico atrás de exames de diagnóstico para dizer o que algum mais experiente diria antes de ver o resultados dessas análises.”

O médico e os exames não terá sido a melhor imagem para utilizar (Passos é filho de médico). O líder do PSD estava a explicar a rapidez do seu processo de decisão - ou seja, que percebeu logo o que tinha de fazer - mas a metáfora encaixa nas maiores críticas internas que lhe têm sido feitas dentro do PSD: o diagnóstico estava feito pelos opositores na forma de oposição que estava a falhar, nos erros estratégicos ao nível nacional ao apostar no "diabo" e na queda do Governo e agora nas autárquicas. Mas, mesmo sendo experiente, manteve sempre a mesma prescrição, até ser forçado pelos resultados do exame eleitoral a abandonar o lugar para o ceder a outro.

“Se entendesse apresentar os argumentos para suportar a decisão de me voltar a submeter a uma disputa interna — e teria argumentos, não interpretarão a arrogância minha de que não me faltariam apoios –, de que poderia eventualmente e sair vencedor, mas na verdade esses argumentos que vos apresentaria não iram resolver o principal problema.”

Passos sabe que tinha fortes hipóteses de manter o partido, embora não nos possamos esquecer que Marques Mendes perdeu a liderança para Luís Filipe Menezes depois da derrota nas intercalares para a câmara de Lisboa em 2007. É uma declaração de humildade e realismo de Passos reconhecer que ao ficar à frente do PSD não ia resolver os problemas do partido e, por consequência, do país, na sua perspetiva.

“Julgo que já dei bastas provas que a minha obstinação não é com os lugares. Sou muito obstinado no que penso, nas minha convicções mas não em relação aos lugares. Fui obstinado em não me demitir no Governo quando achei que colocaria em risco todo o país e não apenas o bem-estar do PSD ou do então primeiro-ministro. Mas isso é diferente, não é essa a posição que ocupo hoje.”

Trata-se aqui de uma referência à crise da demissão irrevogável de Paulo Portas, em que Passos Coelho segurou o Governo e ao mesmo tempo o país. Não se sabe se não haveria um segundo resgate com a demissão do Executivo naquele verão de 2013. Aquele momento faz parte da sua herança e património e Passos não podia deixar de o mencionar, ainda que de forma subtil.

“Ficar seria oferecer a caricatura de estar agarrado ao poder, explorando a gratidão dos militantes pelas lutas e resultados passados. Estaríamos a resistir às coisas em vez de estar a construir um horizonte. Ironicamente, nós que acusamos o governo da geringonça de só se preocupar com o presente e semear pouco para o futuro ficaríamos à mercê da acusação de que estaríamos agarrados ao passado.”

Mais uma forma de mostrar desapego ao poder e de fazer ver aos militantes que uma coisa é ser primeiro-ministro, outra é apenas ser líder do partido. Passos não queria ser alvo das críticas que em tempos fez a outros líderes. Também é uma forma de reconhecer que passou a representar o passado e não o futuro.

“Estes quase oito anos de liderança foram sempre intensos. Tempos duros, acho que também posso dizê-lo: quando no início tivemos de acompanhar uma situação que levou ao resgate, quer depois a lidar com o resgate do país e a sua recuperação económica, financeira e reputacional. Estes dois anos também não foram fáceis. No debate mediático, apesar de não estar no Governo, era frequentemente apresentado como a causa de todos os males e infelicidades do país. Não foram dois anos simples.”

É um homem amargurado e que se sente injustiçado a dizer isto. Foi governar em 2011 com o país resgatado e sem liberdade para ter um programa que não estivesse condicionado pela troika. Iria além da troika? Na verdade, nunca saberemos o que seria um Governo de Pedro Passos Coelho em condições normais. Quando podia governar com maior liberdade, em 2015, ganhou as eleições de forma improvável, mas não o Parlamento. Perdeu ganhando e a seguir tornou-se o mal e a caramunha de todas as desgraças apontadas pelos três partidos de esquerda. É natural que para quem acha que salvou o país de uma desgraça maior não seja simples lidar com o destino que teve. Mas Passos também fez sempre questão de não "virar a página" para um novo ciclo de discurso, para usar a linguagem da "geringonça".

“Não saio com qualquer ressentimento ou recriminação seja com quem for”.

Fica bem dizer isto. Pode até estar a ser sincero e a sinceridade é um bem raro em política. Resta saber se os outros que ficaram ressentidos com Passos têm a mesma capacidade de perdão.

“Não desisti de nenhuma das minhas ideias sobre o país. Talvez fosse absolutamente despropositado estar aqui a insistir no que representou a estratégia que defini e o que têm sido seus eixos fundamentais de afirmação.”

É uma manifestação de teimosia e obstinação, mas ao mesmo tempo de honestidade intelectual. Passos Coelho não admite que tenha errado no essencial e continua a considerar que sempre teve razão. Não é um exclusivo seu nem sequer uma forma de soberba. Quase todos os líderes políticos pensam o mesmo de si próprios.

“Não levem a mal que nesta ocasião possa só recordar o essencial daquilo por que lutei. Uma sociedade civil forte e aberta, cá dentro e ao exterior, suficientemente autónoma do Estado e dos pequenos e grandes poderes, um poder político responsável e transparente que saiba separar o interesse público do privado ou particular, mesmo que esse interesse fosse totalmente legítimo. Lutei sempre para que Portugal tivesse uma economia competitiva, aberta, autónoma, socialmente responsável. Lutei para que as finanças públicas fossem responsáveis, livrando as novas gerações a e aliviando as atuais de novas ditaduras financeiras trazidas por desregramento público e irresponsabilidade dos políticos. Lutei sempre por um sentimento de justiça e equidade, pois mesmo nas mais adversa situações pedia a quem mais tinha um esforço maior para poupar os que têm menos. Uma sociedade com sentido de exigência, e de rigor e disciplina, que não são inimigos de um espírito solidário que busca a justiça social.”

Passos Coelho quis resumir a sua ação política de forma não exaustiva. Dito assim, toda a gente no PSD concordaria com os princípios gerais defendidos pelo futuro ex-líder nos últimos sete anos. O que divide os sociais-democratas serão os detalhes de alguns daqueles princípios quando postos em prática. Foi uma forma de deixar um legado ideológico e de valores num discurso que marcará o PSD por muitos anos. Quando fala da separação entre público e privado, pode ser entendido como uma forma de distinção de intervenções como as de António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa em assuntos relativos à empresas e banca, por exemplo.

“E se estas ideias básicas foram as ideias por que lutei muito, não deixarei de lutar por elas. O facto de não me recandidatar, não significa que me vá calar para sempre. Não deixarei de continuar a lutar pelo meu partido e pelo meu país da melhor maneira que souber.”

Ora aqui está um aviso para o futuro bem encadeado com uma herança do passado. Quer isto dizer: ficam aqui as minha ideias e o meu legado ideológico para os tempos vindouros, mas se o partido se afastar muito disto, eu ando por aí, não me vou calar e tenho o direito de dizer o que acho de bem ou de mal para o país. Portanto, contem já com isso se tiverem ideias de romper com o que ficou explícito. Em suma, Passos Coelho garante desde já que dirá o que pensa quando achar que deve dizer o que pensa. Foi muito aplaudido, os conselheiros nacionais gostaram de ouvir isto. Já terá um programa de comentário fechado com uma televisão?

“Gostaria de dizer, e acho que não surpreenderá ninguém, que não ficarei cá a rondar. Tenho 53 anos, não desisto das minhas ideias. Expressá-las-ei pelo país sempre que achar importante, mas não vou andar a rondar nem a assombrar coisa nenhuma, não é a minha maneira de estar. Quaisquer que sejam os protagonistas desta fase, saberão que poderão contra com a minha lealdade.”

Passos diz que falará quando entender, mas ao mesmo tempo promete lealdade para com os seus sucessores. Não vai "rondar" nem "assombrar", mas deixa uma impressão de que continuará a tutelar as lideranças do PSD ao longe caso sejam merecedoras de reparos. Parece contraditório. Mas não é isso que quase todos os ex-líderes têm estado a fazer? Rondar e assombrar? Vejam-se: Manuela Ferreira Leite, Luís Marques Mendes e Pedro Santana Lopes (ou Marcelo Rebelo de Sousa antes de ser Presidente). Estes já têm os tais programas de comentário na TV. Não foram para casa de pantufas.

“Sei que [Hugo Soares, líder parlamentar] estará a altura dos desafios que vai enfrentar, apesar de não ter tido muito tempo para se preparar. Amanhã irá ter a sua primeira oportunidade de fazer o debate com o primeiro-ministro e tudo irá correr a melhor maneira”.

Forma de desejar boa sorte a Hugo Soares, que é jovem e que -- com o partido em cacos e uma direção demissionária -- passa a ser a primeira cara do partido no debate e combate político. Esta quarta-feira, enfrenta António Costa pela primeira vez num debate quinzenal.

“Certamente, a minha militância no PSD não será um obstáculo a que essa nova liderança desenvolva a sua a estratégia. Não irei envolver-me nessa discussão, como devem calcular.”

Passos não se envolverá nesta disputa que se avizinha pelo seu lugar. Pelas suas palavras depreende-se que não vai tomar partido ou apoiar qualquer um dos candidatos.

“Sei que o PSD é um grande partido aqui e na Europa. Temos o Paulo Rangel aqui esta noite, o nosso líder parlamentar em Estrasburgo, e vice-presidente do PPE, que é um rosto da afirmação externa. De um lado com o Hugo e do outro com o Paulo Rangel, podemos aproveitar este tempo para mostrar que o PSD é um pilar de estabilidade e do futuro”.

Esqueça o comentário anterior. Passos Coelho não interfere nas eleições nem apoia candidatos, mas o único possível sucessor que refere no seu discurso é Paulo Rangel. Hugo Soares está noutras circunstâncias. Será esta menção positiva ao seu ex-adversário Paulo Rangel uma espécie de incentivo ou apoio velado, quando Luís Montenegro, o seu sucessor natural, dá sinais de querer ficar em terra?
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