A Autoridade da Aviação Civil do Reino Unido (CAA) anunciou esta quinta-feira que 34.608 passageiros da companhia de aviação britânica Monarch, que deixou de operar esta semana, já regressaram ao Reino Unido. Num comunicado, o regulador britânico explicou que na segunda-feira passada pôs em marcha um programa de voos “sem precedentes” para que 110.000 pessoas regressassem ao país, depois da falência da companhia aérea britânica.

A CAA informou ainda que realizou 173 voos nos três primeiros dias da operação de repatriamento, na qual viajaram 4.617 passageiros. No comunicado, aquele organismo esclarece que nos próximos 11 dias, 75.392 passageiros devem ainda regressar ao país. Hoje, quarto dia do programa, a CAA tem previsto operar 58 voos para fazer regressar ao Reino Unido mais 10.793 pessoas.

Na quarta-feira, o líder da maior associação hoteleira do Algarve, Elidérico Viegas, calculou em 36 milhões de euros o prejuízo global para os hotéis da região, na sequência da falência da companhia britânica aérea Monarch. “Atendendo ao número de reservas já feitas, o Algarve terá um prejuízo global de 36 milhões de euros, embora seja expectável que outras companhias aéreas e outros operadores turísticos tentem agora captar os clientes que tinham reservado através da Monarch”, estimou o presidente da Associação de Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA).

Segundo aquele responsável, existe ainda um prejuízo direto de “seis a sete milhões de euros”, que dizem respeito a estadias já efetuadas nos meses de agosto e setembro, mas que, apesar de terem sido pagos pelo cliente ao operador, este ainda não os liquidou junto das unidades hoteleiras, o que torna este valor “irrecuperável”. Além da companhia aérea de baixo custo, o grupo britânico detinha operadoras turísticas que, normalmente só pagam o valor das estadias às unidades hoteleiras num prazo médio de 30 a 45 dias.

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Elidérico Viegas estimou ainda que, sendo, até agora, a terceira maior companhia aérea a operar no aeroporto de Faro, com uma quota de 7,5%, a falência da Monarch possa ter um impacto nas taxas de ocupação da região na ordem dos 5%. “Nos próximos três, quatro, cinco meses, o efeito será muito significativo, quer em taxas de ocupação, quer nos resultados económicos das empresas, uma vez que a Monarch tinha sobretudo uma importância maior durante a estação baixa”, frisou.

Elidérico Viegas observou que a companhia de baixo custo estava a registar um crescimento no transporte de passageiros para o aeroporto de Faro na ordem dos 10,5%.

Até ao final de agosto tinha transportado 418 mil passageiros e esperava-se que até ao final do ano transportasse 630 mil, para o aeroporto da capital algarvia. “Neste momento, há aqui uma oportunidade de negócio para outras companhias aéreas e a verdade é que haverá uma outra batalha para disputar estes turistas”, concluiu.

Assumindo que se trata de uma situação para a qual o Algarve não estava preparado, por ter sido “tudo muito repentino”, o presidente da Região de Turismo do Algarve lembrou que a Monarch “não tinha nenhuma rota exclusiva” e que há outras companhias britânicas que continuam a voar a partir dos mesmos destinos.

“Há empresas que já estão a procurar que alguns funcionários, tripulação e comandantes da Monarch possam começar a trabalhar nessas companhias, o que é um bom sinal, é sinal de que há procura”, referiu Desidério Silva à Lusa, sublinhando que já se estão a tentar encontrar soluções que minimizem o impacto do fecho da companhia “low cost”.

Segundo aquele responsável, neste momento estão a ser procuradas “soluções alternativas”, quer através do Turismo de Portugal, quer através do Governo, para que outras companhias “possam captar os passageiros” que seriam da Monarch e que continuarão, de certeza, a continuar a viajar para a região”.

Na segunda-feira, foi conhecido que a companhia britânica Monarch deixou de operar, deixando em terra cerca de 110.000 passageiros e anulando 300 mil reservas já feitas. A Monarch é a quinta companhia aérea do Reino Unido e a mais importante do país a declarar-se na bancarrota, depois de enfrentar dificuldades com a queda de mercados turísticos como a Turquia e o Egito.