“Borg vs McEnroe”

O sueco Bjorn Borg era, como pessoa e como jogador, tão reservado e imperturbável, que lhe chamavam “Iceborg”. O americano John McEnroe era volátil e malcriado como um adolescente rebelde, e por isso conhecido como McBrat. E tinham estilos de jogo totalmente diferentes. Este filme de Janus Metz centra-se – aparentemente — na histórica final de Wimbledon de 1980, onde Borg procurava a quinta vitória consecutiva no torneio e McEnroe queria derrotá-lo e afastá-lo do trono do ténis mundial. Metz, sendo sueco, puxa a brasa à sardinha nacional, demorando-se muito mais na figura de Bjorn Borg (Sverrir Gudnason, que parece gémeo do campeão) do que em McEnroe (Shia La Boeuf, que tem o feitio e a reputação da personagem) e no jogo propriamente dito. É uma fita competente, embora um pouco fria demais e sem qualquer revelação especial ou espectacular sobre os dois jogadores, a relação entre eles e a final propriamente dita. Os filmes de desporto são sempre ingratos porque é impossível reconstituir o clima, as emoções e a tensão dos acontecimentos originais, mas Metz faz aqui o seu melhor para recordar essa incrível jornada da história do ténis, ganha por Borg por uma unha negra.

“Al Berto”

Embora o título o sugira, “Al Berto”, de Vicente Alves do Ó, que se segue a “Florbela” (2012), não é uma biografia cronológica, arrumada, completa, do poeta. É uma evocação dos anos antes da sua vinda para Lisboa, do tempo que passou na sua Sines natal, depois do 25 de Abril e de ter regressado de Bruxelas no Verão Quente de 1975, para onde tinha fugido do serviço militar e da guerra no Ultramar, e que terá sido, senão fundamental, pelo menos bastante importante para a sua maturidade sentimental e artística. Alves do Ó demora-se na relação homossexual de Al Berto (Ricardo Teixeira) com João Maria do Ó, seu meio irmão, na descrição do estilo de vida livre dele e do grupo que partilhava em estilo de comuna o palacete da sua família, e do escândalo e do mal-estar que provocavam na cidade, o que o torna “Al Berto” num filme que dirá muito à geração que lá viveu esses tempos e acontecimentos, e por razões óbvias, ao próprio realizador. Mas por esse mesmo motivo, dirá muito pouco ou nada às outras pessoas. Em especial àquelas que, não conhecendo o retratado, a sua vida e a sua importância na poesia portuguesa, vão à procura de tudo isso em “Al Berto”.

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“Blade Runner 2049”

Trinta e cinco anos depois do filme de Ridley Scott, surge esta continuação, agora realizada por Denis Villeneuve. Scott é o produtor executivo e supervisor, e muitas das pessoas ligadas a “Blade Runner-Perigo Iminente”, continuam nesta segunda fita, caso de um dos dois argumentistas, Hampton Fancher, agora acompanhado por Michael Green, ou do produtor Bud Yorkin. Ryan Gosling interpreta um replicante da nova geração, agente da polícia de Los Angeles e com um número de série começado por K em vez de um nome, encarregue de eliminar todos os replicantes “defeituosos”, do tempo da Tyrell Corporation, entretanto encerrada pelo governo, e de antes de um grande “apagão” electrónico que atingiu o planeta. Numa dessas missões, K faz uma descoberta que põe um enigma e uma impossibilidade bio-tecnológica a descoberto, ameaça fazer uma revolução no seio da humanidade e dos andróides, e traz de novo para a cena um Rick Deckard (Harrison Ford) desaparecido há muitos anos, que guarda o segredo de um milagre do qual foi parte integrante. “Blade Runner 2049” foi escolhido como filme da semana pelo Observador, e pode ler a crítica aqui.