A Confederação Empresarial de Portugal disse esta sexta-feira estar “apreensiva” com o que vai acontecer na Catalunha, que enfrenta uma grave crise política, por Espanha ser um dos principais mercados europeus de destino de exportações portuguesas.

Esta questão da Catalunha, a par do ‘Brexit’, vem trazer perturbação à coesão que deveria existir na União [Europeia] e alguma inquietude e angústia às empresas portuguesas que têm o mercado espanhol como um dos mercados preferenciais de destino das suas exportações. Estamos obviamente apreensivos com o que é que vai suceder”, disse o presidente da CIP, António Saraiva.

Falando aos jornalistas no Palácio de Belém, depois de um encontro com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o responsável da CIP notou que “70% do volume das exportações portuguesas direciona-se ao espaço europeu e a Espanha, dentro deste espaço é um dos mercados importantes para a economia portuguesa”.

“Obviamente que tudo aquilo que perturbe o mercado espanhol terá reflexos, positivos ou negativos, na economia portuguesa”, admitiu. Contudo, afirmou esperar que a situação, que a CIP está a acompanhar “com alguma preocupação”, se resolva “com a tranquilidade que todos os conflitos devem merecer”.

António Saraiva apontou ainda que, se dali resultar “uma implosão de Espanha como estado único”, os empresários terão de “definir planos B”. Já questionado sobre o facto de alguns bancos estarem a mudar as suas sedes da Catalunha para outras regiões de Espanha, o responsável aludiu a uma expressão popular para referir que “cuidados e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém”.

A Espanha está a viver uma das suas maiores crises políticas de sempre depois da transição democrática iniciada em 1977. O governo regional da Catalunha, a Generalitat, anunciou na madrugada de segunda-feira passada que 90% dos catalães votaram a favor da independência no referendo do dia anterior. A consulta popular foi convocada pela Generalitat, dominada pelos separatistas, tendo o Estado espanhol, nomeadamente o Tribunal Constitucional, declarado que a consulta era ilegal.

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