O Nobel da Paz de 2017 será entregue à ICAN, a Campanha Internacional para a Abolição das Armas Nucleares, anunciou esta sexta-feira o Comité Norueguês do Nobel, em Oslo, na Noruega.

“A organização recebe esta distinção pelo seu trabalho na sensibilização para as consequências humanitárias catastróficas de qualquer uso de armas nucleares e pelos seus esforços revolucionários para promover uma proibição de tais armas por tratado”, anunciou o comité.

Este é um prémio para todas as pessoas e entidades que lutam pelo desarmamento nuclear, mas o comité distinguiu em concreto a ICAN pelo esforço “extraordinário” nesse sentido. “Estamos a enviar mensagens para todos os estados, mas em especial para todos os estados que têm armas nucleares”, confirmou Berit Reiss-Andersen, a líder do comité na conferência de imprensa, perante a questão de um jornalista sobre se esta decisão foi influenciada pelas últimas notícias que admitem o cancelamento do acordo nuclear com o Irão.

No comunicado que explica a decisão, o comité lamenta que “vivemos num mundo em que o risco de serem usadas armas nucleares é o maior dos últimos tempos”. “Alguns países estão a modernizar os seus arsenais nucleares e há um perigo real de que outros países tentem obter armas nucleares, nomeadamente a Coreia do Norte”, acrescenta.

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As armas nucleares representam uma ameaça constante para a Humanidade e para toda a vida na Terra. Através de acordos internacionais vinculativos, a comunidade internacional já adotou proibições contra minas terrestres, munições cluster e armas químicas e biológicas. As armas nucleares são ainda mais destrutivas, mas ainda não foram objeto de proibições legais semelhantes”.

122 países assinaram, em julho, um Tratado das Nações Unidas para a proibição de armas nucleares, mas países que têm armas nucleares, como os EUA, a Rússia, a China, o Reino Unido e França não participaram neste acordo.

“Uma grande honra”. ICAN agradece distinção

A organização não-governamental já veio agradecer, através do Facebook, a distinção pelo comité norueguês, entidade a quem cabe a decisão do Nobel da Paz. A ICAN fala numa “grande honra” e agradece, humildemente” ao comité.

“Este prémio oferece uma luz muito necessária ao caminho do tratado de proibição que quer promover um mundo livre de armas nucleares. Antes que seja demasiado tarde, temos de seguir esse caminho”, avisa a ONG que está presente em mais de 100 países. A ONG começou por ser um movimento de pessoas comuns que começou na Austrália mas foi lançado oficialmente em Viena de Áustria, em 2007.

O Nobel da Paz já tinha sido entregue, em 2005, à Agência Internacional para a Energia Atómica (e ao seu líder de então, Mohammed El Baradei) pelo trabalho da agência a garantir que a tecnologia nuclear não era utilizada para fins militares e que as utilizações para energia, por exemplo, eram feitas da forma mais segura possível.

No ano passado, o prémio foi entregue ao colombiano Juan Manuel Santos, pelos seus esforços para pôr fim à guerra civil na Colômbia.