Doze colheitas resumem 25 anos de história, o mesmo número de copos que completaram a prova vertical que a Quinta da Gaivosa organizou no início de setembro, em Lisboa. O encontro tinha como objetivo celebrar a data pouco redonda, mas muito significativa, e dar a conhecer à imprensa o Quinta da Gaivosa tinto 2013, a última colheita a chegar ao mercado.

“O trajeto de 25 anos é só uma parte da minha vida”, atira Alves de Sousa, o homem responsável pelo percurso pioneiro da empresa que lhe leva o nome emprestado. O produtor, hoje com 68 anos, é a quarta geração de uma família dedicada à região das vinhas plantadas de socalco em socalco. “Somos nativos do Douro”, confirma o que não precisa de confirmação, enquanto passa a palavra ao filho, e enólogo da casa, Tiago Alves de Sousa. “Nada como uma data especial para tirar-nos do nosso Douro em altura de vindima”, diz este.

O Quinta da Gaivosa tinto 2013 é o mais recente vinho a ser lançado no mercado, por 38€. © Divulgação

Se a maior parte dos membros da família Alves de Sousa começou por escolher um rumo alheio à viticultura, Tiago bebericava vinho ainda antes da adolescência. A vontade de estudar o tema foi coisa que nasceu cedo, tão cedo que nunca a ideia de outra profissão lhe passou pela cabeça. Não é à toa que as primeiras recordações de infância são os aromas do vinho nas suas diferentes fases de vinificação.

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Pai e filho dedicam-se diariamente à vinha, num complô familiar de sucesso, tantos anos depois do primeiro tinto da Quinta da Gaivosa ter sido lançado no mercado. Já lá vão 25 vindimas, muitas provas e 12 colheitas de um vinho, que à semelhança de outros Douros de mesa de renome, só nasce em anos excecionais.

Foi precisamente Alves de Sousa quem mudou o rumo da empresa própria quando, após vários anos a produzir generosos para algumas das principais casas exportadoras, vingou, já na década de 1990, como um dos nomes da nova geração de produtores de vinhos do Douro.

A primeira colheita do tinto Quinta da Gaivosa, que é resultado desse pioneirismo, data de 1992 — um ano vínico que, lembra o duo, se iniciou cedo, foi de pouca chuva e originou maturações tardias, mais lentas e suaves. “Foi um belíssimo ponto de partida”, diz Tiago.

Desde então, a imagem cravada no rótulo permanece inalterada. “Mostrou-se que era possível revelar uma expressão diferente do Douro”, diz Tiago aos jornalistas. Para tal muito contribui o terroir: não só as vinhas estão a 350-500 metros de altitude, como a serra do Marão corta os ventos atlânticos. É este um Douro de temperaturas mais amenas, mas igualmente sedutor.