As conclusões e recomendações da auditoria da Inspeção-Geral da Defesa Nacional (IGDN), realizada na sequência do furto de material militar dos paióis de Tancos, “terão resposta prática muito em breve”, afirmou esta segunda-feira o ministro da Defesa Nacional.

Fazendo uma alusão ao que foi feito na sequência do acidente com uma embarcação que provocou três mortos, em outubro de 2015, na Figueira da Foz, que culminou com a criação e agora implementação do sistema “Costa Segura”, Azeredo Lopes disse que o caso do furto de armas em Tancos é também encarado como um “desafio exigente para que, doravante, não possa ocorrer ou possa ocorrer em circunstâncias de muito menor frequência”.

Por isso, o Governo disse desde sempre que aquilo que tinha a fazer está a fazer e algumas das coisas já foram feitas. É um bocado exatamente a transposição daquilo que se verificou com o desastre da Figueira da Foz e que agora se demonstra, e demonstra-se em concreto, não em teorias, não em evocações pias da soberania, que é possível realizar”, destacou.

Segundo o ministro, relativamente a Tancos, é nisso que “se está a trabalhar” e “é por esse motivo que foram feitas diferentes investigações e auditorias”, designadamente os relatórios dos Ramos das Forças Armadas e a auditoria da IGDN.

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Este trabalho dos Ramos das Forças Armadas visou “ver como é que está a situação”, como é que se têm de “corrigir eventuais falhas que tenham sido detetadas” e a auditoria da IGDN “também produziu resultados e esses resultados foram analisados e estão a ser executados e terão resposta prática muito em breve”, sustentou.

Para o ministro, após o acidente na Figueira da Foz, com a criação e implementação do sistema “Costa Segura” – de vigilância da costa que permite “antecipar ou prevenir ocorrências que antes era mais difícil de evitar ou até de atalhar em termos de consequências” -, a Autoridade Marítima Nacional e a Marinha “deram uma grande lição de cidadania”.

Primeiro, porque reforçaram a componente de cidadania, de educação, de pedagogia, para que nós, como cidadãos, olhemos com respeito para aquilo que é uma maravilha que temos ao nosso dispor, que é o mar e as vias fluviais, mas ao mesmo tempo também tomaram medidas para que, perante aquilo que se verificou que tinha corrido mal em finais de 2015, doravante (…) não se volte a repetir”.

Segundo Azeredo Lopes, “as sociedades humanas não são perfeitas, vão-se aperfeiçoando” e “o erro não está em acontecerem coisas mal, o erro está em não preparar tudo para que no futuro essas coisas não se repitam”.

O ministro apontou duas “hipóteses de comportamento” perante dificuldades: “ou ficar sentados, que tragédia, que horror, que falência sistémica que aqui está a acontecer”, “onde se pedem cabeças” “ou dizer o que é que aconteceu mal, porque é que aconteceu mal” e o que se tem “de fazer para que, doravante, situações destas não se repitam”.

O sistema “Costa Segura”, disse, “é um exemplo muito bom de como em muito pouco tempo” toda a costa portuguesa, incluindo os arquipélagos da Madeira e dos Açores, ficará coberta por “um modelo que é particularmente inteligente, de custo muito baixo, mas com uma eficiência e eficácia de resultado muito alta”.

Azeredo Lopes falava aos jornalistas na Cantareira, no Porto, no âmbito da inauguração da estação da Cantareira. No total, está prevista a instalação de 30 estações em toda a costa até finais de 2018.

No dia 19 de setembro, Azeredo Lopes anunciou um conjunto de medidas para reforçar as condições de segurança das instalações de armazenamento de material militar sensível, na sequência do furto de material militar dos Paióis Nacionais de Tancos, que foi divulgado no final de junho. As medidas anunciadas tiveram por base as conclusões e recomendações dos relatórios dos Ramos das Forças Armadas e da IGDN.