O Conselho Nacional do PSD vai reunir-se hoje para marcar as datas das diretas para o cargo de presidente do partido e do Congresso que elegerá os novos órgãos nacionais, no ciclo pós-liderança de Pedro Passos Coelho.

Na terça-feira, quando anunciou que não se iria recandidatar a um novo mandato como presidente do PSD, Passos Coelho disse que, embora não se demitisse, tinha “disponibilidade para poder sair um pouco mais cedo”, e sugeriu eleições diretas em dezembro, “se for esse o desejo do Conselho Nacional”.

A reunião do órgão máximo dos sociais-democratas para decidir o calendário eleitoral do partido vai realizar-se num hotel de Lisboa, a partir das 21h00, sem que, até agora, ninguém se tenha apresentado publicamente como candidato à liderança do PSD, e depois de vários dirigentes se terem afastado da corrida.

No entanto, o antigo presidente da Câmara Municipal do Porto Rui Rio vem manifestando a intenção de avançar com uma candidatura, o que deverá concretizar-se esta semana. Por sua vez, o antigo primeiro-ministro Pedro Santana Lopes afirmou à SIC estar a ponderar essa possibilidade e escreveu um artigo no Correio da Manhã adiantando que está a trabalhar num programa para o partido.

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Na quinta-feira à noite, o ex-líder parlamentar do PSD Luís Montenegro anunciou que tinha decidido não se candidatar à liderança do partido “por razões pessoais e políticas”, que não precisou, e prometeu “total equidistância” em relação às candidaturas que viessem a surgir.

Na sexta-feira, numa nota enviada à agência Lusa, foi a vez de o eurodeputado Paulo Rangel anunciar que não se iria candidatar à liderança do PSD, “por razões familiares”, adiantando que também se iria manter neutro face a futuras candidaturas. O antigo líder da Juventude Social Democrata (JSD) Pedro Duarte excluiu-se igualmente da corrida, no sábado, em declarações à agência Lusa.

No passado domingo, na noite das eleições autárquicas, Pedro Passos Coelho assumiu a responsabilidade por “um dos piores resultados de sempre” do PSD e admitiu não se recandidatar à liderança. “Farei uma reflexão aprofundada sobre as condições para me submeter a um novo mandato”, disse o ex-primeiro-ministro, referindo-se às eleições diretas que estavam previstas para o início de 2017.

Na terça-feira à tarde, Passos Coelho anunciou perante a Comissão Política Nacional do PSD que não se iria recandidatar a um novo mandato, e à noite explicou sua decisão numa intervenção em Conselho Nacional, aberta à comunicação social. Passos Coelho argumentou que, se ficasse, “estaria em permanência a combater o preconceito e a ideia feita de que estava agarrado ao poder”, e defendeu que “uma nova liderança por parte do PSD e da estratégia associada terá melhores possibilidade de progressão e sucesso”.

Nas eleições autárquicas de domingo, o PSD perdeu oito presidências de câmaras municipais face a 2013, ano em que tinha registado o seu pior resultado, ficando agora com 98 (79 sozinhos e 19 em coligação). Em termos de votação nacional, o PSD obteve, sozinho, 16,08%, dos votos, uma percentagem ligeiramente abaixo dos 16,70% de há quatro anos.

Segundo os estatutos do PSD, “os mandatos dos órgãos eletivos do partido são de dois anos, a partir da data da eleição”. As anteriores diretas, que elegeram Passos Coelho pela quarta vez, com 95% dos votos, realizaram-se em 5 de março de 2016, seguidas de um Congresso nos dias 1, 2 e 3 de abril, em Espinho.