Naser Oric, conhecido como “defensor de Srebrenica”, foi absolvido esta segunda-feira por um tribunal de Sarajevo das acusações de crimes de guerra contra os sérvios durante os combates no enclave muçulmano entre 1992 e 1995.

O juiz Saban Maksumic declarou Naser Oric, 50 anos, inocente dos assassinatos de três prisioneiros sérvios em Srebrenica. Sabahudin Muhic, 49 anos, foi igualmente declarado inocente pelo mesmo tribunal. O veredito era esperado – por motivos diferentes – quer por muçulmanos bósnios, quer pelos sérvios.

Para os muçulmanos da Bósnia, Oric é considerado “herói” da defesa do enclave da Bósnia oriental durante o cerco imposto pelas forças sérvias até julho de 1995.

Na altura, as forças sérvias de Ratko Mladic massacraram mais de oito pessoas, na maior parte homens e adolescentes do sexo masculino, pelo que foi julgado e condenado por genocídio pela justiça internacional.

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Para os sérvios, Oric é um “assassino” responsável pelos ataques contra povoações sérvias, nos arredores de Srebrenica, entre 1992 e 1995, com crimes contra civis e prisioneiros. De acordo com as associações de vítimas, 2.428 civis e militares sérvios foram abatidos na região durante o conflito.

Oric foi preso pela primeira vez em 2003 e julgado pelo Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslávia (TPIY, na sigla em inglês), em Haia, que o condenou a dois anos de prisão por não ter impedido as “mortes e os maus-tratos” contra sérvios.

Depois de ter recorrido, em 2008, foi absolvido, tendo o TPIY referido “importantes circunstâncias atenuantes” relacionadas com a “falta de experiência” nos atos de comando ocorridos quando tinha 25 anos de idade. O tribunal referiu-se também às difíceis condições em que se encontravam milhares de bósnios, refugiados em Srebrenica, após 1992.

A absolvição pelo TPIY foi contestada por Belgrado, que emitiu um mandado de captura contra Naser Oric por causa dos ataques contra aldeias sérvias na zona de Srebrenica. Na sequência do mandado de captura da Sérvia, Oric foi detido na Suíça em 2015, mas acabou por não ser transferido para a Sérvia, na sequência de um conflito diplomático entre Sarajevo e Belgrado. As autoridades bósnias decidiram julgar Oric em Sarajevo, tendo o julgamento começado em janeiro de 2016.