“Tive uma má experiência com Harvey Weinstein na minha juventude. Como consequência, escolhi nunca mais trabalhar com ele e avisar outros que com ele trabalhassem”, conta Angelina Jolie, citada pelo The New York Times. Tanto ela como a atriz Gwyneth Paltrow — dois nomes pesados de Hollywood — admitem ter sido assediadas pelo produtor norte-americano, o mesmo que foi obrigado, no passado domingo, a abandonar a empresa de cinema independente que fundou devido a várias acusações de assédio sexual.

Paltrow tinha apenas 22 anos quando foi confrontada com uma situação semelhante, recorda ao NYT. O homem que lhe deu o papel que a levou à ribalta — falamos da personagem Emma, na adaptação cinematográfica do romance de Jane Austen — convidou-a para uma reunião na sua suite, no hotel Peninsula Beverly Hills, ainda antes das filmagens arrancarem. O encontro, segundo a atriz, envolveu toques e convites considerados inapropriados: Harvey colocou a mão sobre Paltrow e sugeriu que fossem para o quarto fazer massagens.

“Eu era uma criança, fiquei petrificada”, diz Paltrow em entrevista. A atriz recusou os avanços do produtor e chegou a confessar o sucedido a Brad Pitt, com quem namorava à data. O ator norte-americano confrontou Weinstein, que mais tarde haveria de a ameaçar Paltrow — que foi coagida a não relevar o segredo a mais ninguém. “Pensei que ele me fosse despedir.”

Escândalo sexual em Hollywood. Atrizes unem-se contra Harvey Weinstein

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Angelina Jolie e Gwyneth Paltrow são alguns dos nomes apresentados no longo artigo que o The New York Times publicou na tarde desta terça-feira. Às suas histórias juntam-se relatos semelhantes de Rosanna Arquette, Katherine Kendall ou Judith Godrèche.

Com o escândalo a ganhar cada vez mais dimensão, são muitas as atrizes — mas também os atores — que se unem contra o produtor. A lista que já vai longa é encabeçada por Meryl Streep, Glenn Close, Judi Dench e Kate Winslet. Há quem já conhecesse os rumores e quem os negue.

Harvey Weinstein, produtor de filmes como “Shakespeare in Love”, “O Discurso do Rei” ou “O Paciente Inglês”, está a ser acusado de três décadas de assédio e chantagem sexual. O NYT, que revelou a história, conta que o cineasta chegou a acordos com oito mulheres ao longo dos anos, para que estas não tornassem o caso público.

Produtor Harvey Weinstein acusado de décadas de assédio sexual

Uma das primeiras atrizes a dar a cara sobre o sucedido foi Ashley Judd: há 20 anos, o produtor convidou-a para um pequeno almoço no hotel já citado; quando chegou, dirigiu-se à receção, onde lhe disseram que Harvey Weinstein estava à sua espera no quarto. Weinstein estava de robe, perguntou-lhe se preferia dar-lhe uma massagem ou vê-lo tomar banho.

De facto, o esquema era sempre o mesmo: marcar um almoço de trabalho num hotel, chamar a mulher ao quarto, aparecer apenas com um robe vestido e pedir uma massagem em troca da carreira pela qual uma jovem atriz, assistente ou modelo tanto ansiava.

Harvey Weinstein foi obrigado a abandonar no domingo a empresa de cinema independente que fundou. O conselho de administração da Weinstein decidiu retirar o produtor da empresa. O controlo do estúdio foi entregue ao seu irmão, Bob Weinstein, e ao diretor de operações David Glasser.