Um grande golo de Pedro Barbosa, a cara de espanto de Sérgio Conceição, as lágrimas de Rui Costa. Fez no mês passado 20 anos que o futebol viveu uma das expulsões mais ridículas de que há memória: quando estava a sair de campo (não estava a acelerar, mas ia a uma velocidade vertiginosa para o que é normal nestas situações), Rui Costa foi expulso pelo árbitro francês Marc Batta, em vez de ficar mais fresca a equipa ficou com menos um e acabou por não conseguir segurar a vantagem que tinha. Em Berlim. Com a Alemanha. Parecia que tinha de ser.

A chamada Geração de Ouro tinha deixado um primeiro cheirinho do que poderia fazer ao mais alto nível depois do Mundial Sub-20, caindo nos quartos-de-final do Europeu de 1996 frente à Rep. Checa por 1-0 com o célebre golo de Poborsky. Mas percebia-se que essa era uma exceção e não a regra: Portugal estava pronto a solidificar-se na primeira linha das melhores equipas europeias e mundiais. No entanto, aquele empate a uma bola em território germânico (em caso de vitória, passavam os comandados de Artur Jorge) acabou por afastar o sonho de marcar presença num Mundial 12 anos depois da participação no Campeonato do Mundo do México.

Ainda hoje Rui Costa não esquece o momento e, numa entrevista ao jornal A Bola, voltou a bater na mesma tecla: “Desculpo-o [ao árbitro Marc Batta] quando ele pedir desculpa ao meu país”. Mas passado é passado, não há nada a fazer. E, verdade seja dita, foi remédio santo: daí para cá Portugal nunca mais falhou o apuramento para a fase final de uma grande prova e vai para o quinto Mundial consecutivo (dez qualificações, se somarmos os Europeus). E, desta feita, quebrando registos históricos a nível de pontuação nesta fase preliminar.

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Desta forma, a Seleção Nacional, atual campeã europeia, confirmou a presença no sétimo Mundial da sua história, com uma particularidade: sempre que o Campeonato do Mundo se realizou na Europa, correu muito bem (terceiro lugar em 1966, em Inglaterra; quarta posição em 2006, na Alemanha); sempre que foi feito fora da Europa, correu tudo menos bem (fase de grupos no México, em 1986; no Japão/Coreia do Sul, em 2002; no Brasil, em 2014, além dos oitavos-de-final na África do Sul, em 2010). A Rússia é distante, mas é Europa. Será um sinal?