“Autocracia proclamada”. Esta é uma das expressões mais duras utilizadas pelos colunistas dos jornais espanhóis no rescaldo da declaração de independência “suspensa”, anunciada esta terça-feira pelo líder catalão, Carles Puigdemont. Quem o diz é Rafa Latorre, jornalista do El Mundo, que fala numa situação “delirante” e não poupa nas críticas ao governo catalão.

Mas há mais — e com outro tom. Pedro J. Ramírez, diretor do El Español, fala nos “tomates de Puigdemont”, que diz lhe terem faltado de acordo com o entendimento da CUP. Rubén Amón, analista político do El País, é ainda mais gráfico, exclamando que a proclamação da independência “congelou”, de forma a que “a rapaziada independente não pôde gozar o orgasmo nem experimentar o sonho húmido da pátria compensada”. E ainda aproveita para classificar a indumentária de Puigdemont como sendo a de um trabalhador de agência funerária. Já Marisa Gallero, jornalista do ABC, fala no “gatillazo” do líder catalão, recorrendo à expressão usada tanto para falar de uma arma que não dispara como a de uma impotência sexual súbita.

Das metáforas sexuais para as futebolísticas, Josep Martí Blanch (antigo secretário da Comunicação do anterior governo catalão) fala num “golo fantasma” no El Periódico. “Um sim, mas não. Um golo fantasma. Um vou, mas volto”, resume o catalão, acrescentando mais à frente que “a bolta volta a estar com Madrid”. Já a sua colega colunista Cristina Pardo endurece o tom, titulando a sua análise com a expressão “a farsa”.

O El País titula o seu editorial falando numa “nova armadilha” e, à semelhança do resto da imprensa de Madrid, critica a atitude de Puigdemont, que classifica de “desleal”. Do outro lado do espectro, no diário catalão Ara, está Esther Vera: para a jornalista, o líder catalão “tentou parar o relógio” e pode agora, sob o olhar atento da Europa, evitar que Rajoy volte a recorrer à força.

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