O líder do terceiro partido timorense responsabilizou esta quarta-feira a Fretilin pela rotura nas negociações para uma coligação de Governo, destacando como maiores diferenças a falta de clareza sobre a modalidade de governação e a excessiva concentração de poderes.

Taur Matan Ruak, presidente do Partido Libertação Popular (PLP) e ex-chefe de Estado, convocou os jornalistas para um encontro na sua residência em Metiaut, na zona oriental da cidade de Díli, para “esclarecer a posição do partido” sobre a rotura nas negociações com a Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) para uma coligação de Governo.

“A posição da Fretilin não inspira nem confiança nem segurança ao PLP sobre a modalidade. A Fretilin tinha três: coligação, inclusão e incidência parlamentar. Isso cria risco por não haver posições claras”, afirmou aos jornalistas.

O PLP também não apoia a Fretilin omnipotente, com um Presidente da República da Fretilin, um primeiro-ministro da Fretilin e o presidente do Parlamento Nacional da Fretilin”, disse, garantindo que o PLP aceitava até posições secundárias e não insistiu num candidato seu para liderar o parlamento.

Perante estas diferenças e com a Fretilin a negociar com outros partidos – Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), Partido Democrático (PD) e Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO) – o PLP sentiu que já não era necessário.

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“Eu e o PLP atuámos com coragem e boa fé. Mas depois a Fretilin vai falar com o PD e assina acordo. Quando um jornalista pergunta a Mari Alkatiri (líder da Fretilin) se o PLP tinha saído ele disse para ir perguntar ao PLP”, afirmou Taur Matan Ruak.

“A culpa não foi minha ou do PLP, a iniciativa de rotura foi da Fretilin. Nós só tínhamos dois problemas: a modalidade de governação – queríamos ir pelo seguro, da coligação – e a questão do parlamento”, insistiu. Mais tarde, disse, a coligação acabou por ficar minoritária, “não por causa do PLP mas pela saída do KHUNTO” que na reta final das negociações a três, com a Fretilin e o PD (que formam a coligação minoritária atual), decidiu sair.

O líder do PLP afirmou que depois de inicialmente ter declarado que o partido seria oposição entrou nas negociações com a Fretilin para formação de Governo “com boa-fé”, mas com uma posição assente em “princípios muito claros”.

“Decidi primeiro ir para a oposição e por isso qualquer mudança já implicava mudar a minha posição. Mas a Fretilin nem sequer tinha só o PLP como opção, tinha também outros partidos. Apesar disso, depois de duas reuniões, a 15 e 18 de agosto, o PLP disse que estava pronto a discutir a coligação”, explicou Taur Matan Ruak.

Haver um “objetivo claro” para o que se pretendia, “negociar de igual para igual” – porque, apesar de pequeno e com menos cadeiras, “a Fretilin precisava do apoio do PLP” para viabilizar o Governo – e procurar uma solução “win-win” nortearam a posição que o partido levou para as negociações.

Na agenda, explicou, o PLP considerou ainda crítico incluir os temas de “modalidade de governação (…) política (…) programa e participação na governação”.

Depois de semanas de negociações, o partido mais votado, a Fretilin, acabou por assinar um acordo de coligação minoritário com o PD – juntos somam 30 dos 65 lugares do Parlamento Nacional.

A oposição, formada pelos deputados do CNRT, PLP e KHUNTO, anunciou na semana passada a sua constituição em bloco alternativo de governação caso o Programa do Governo seja chumbado – através de uma moção de rejeição -, o que implicaria a queda do executivo.