Primeiro-ministro admite retirar consequências políticas dos acontecimentos de Pedrógão Grande. Em declarações aos jornalistas, depois de receber do presidente da Comissão Independente que avaliou o incêndio o relatório final do grupo de trabalho, António Costa deixou essa porta aberta. “Assumiremos responsabilidades políticas, se for caso disso”, disse.

António Costa deixou a garantia de que “as responsabilidades” dos acontecimentos de Pedrógão Grande “são as que resultam do relatório”. “Assumi-las-emos integralmente”, garante.

No relatório, refere Costa, são “apontadas falhas concretas ao comando na fase inicial da operação”. Nomeadamente, é referido que a ausência de uma resposta adequada do comando da Proteção Civil num primeiro momento do incêndio contribui para a dimensão da tragédia. No documento são também “descritas outras falhas” e “registados alguns fenómenos” que estiveram na origem do incêndio de Pedrógão Grande. As responsabilidades políticas podem decorrer das falhas que ocorreram no terreno, mas o primeiro-ministro sublinha que apenas teve acesso às linhas gerais do documento.

Para já, Costa recusa retirar conclusões definitivas do relatório. Antes, e por “respeito” às famílias das vítimas, pretende fazer uma “reflexão aprofundada” sobre a informação condensada nas quase 300 páginas do relatório. “A Comissão divulgou uma curtas notas. Iremos tirar todas ilações que temos a tirar e assumiremos as responsabilidades”, garantiu o primeiro-ministro, que ao seu lado tinha a ministra da Administração Interna e o ministro da Agricultura.

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Pedrógão Grande. Comissão independente aponta responsabilidades ao comando da Proteção Civil

Destacando o “sinal de maturidade” da democracia que a apresentação do relatório simboliza, o primeiro-ministro assume que as conclusões dos 12 especialistas em várias áreas — entre as quais, o domínio florestal — serão o “guia para reforma que é preciso fazer” ao nível da floresta e da prevenção de incêndios.

Para o dia 21 de outubro está já agendada um conselho de ministros extraordinário, exclusivamente dedicado a analisar o relatório da comissão independente coordenada por João Guerreiro, antigo reitor da Universidade do Algarve. Quase uma semana depois, a 27, será o parlamento a debater a tragédia do mês de junho que vitimou quase 70 pessoas. Costa espera que o documento agora divulgado — e que é resultado de três meses de trabalho dos especialistas — “possa ser a base de um consenso político e social alargado que permita ao país tomar as medidas necessárias para prevenir e evitar tragédias como as que ocorreram”.

Antes disso, Costa reúne-se com os familiares das vítimas dos incêndios. E, a esse respeito, faz, de passagem, uma menção às indeminizações que estão por atribuir. “O respeito que nos merece este processo é que as responsabilidades que estao apuradas tenham consequências, sejam quais forem e que as questões que estão formuladas sejam executadas”, sublinhou o governante. Mais pormenores sobre a posição final do Estado, só depois dessa conversa da próxima semana.