Jesus foi poupadinho na Taça. Para a semana há Champions (e visita a Turim e à Juventus) e contra um adversário do terceiro escalão, o Oleiros, havia que dar sossego aos que menos o têm durante o ano. Todos os sete suplentes contra os albicastrenses vinham do Sporting B. Gelson Dala seria titular e também o angolano é . Titulares seriam igualmente Salin, Ristovski, André Pinto, Petrovic, Palhinha ou Mattheus Oliveira, todos mais suplentes (às vezes até dispensados do banco e a ver os encontros do Sporting no bem-bom do camarote) que titulares. Podence jogaria. E provaria ao treinador que não sendo esta temporada um titular absoluto é tudo menos segunda escolha.

O Sporting jogava a duas velocidades: devagar e mais devagar ainda. Não havia que acelerar muito pois o Oleiros também não o fazia e, com o adversário cedo recolhido à defesa – num daqueles relvado exíguos e de relvado artificial onde fazemos peladinhas de fim-de-semana com a rapaziada –, mais minuto menos minuto o primeiro da noite surgiria para os visitantes. Podence, não; o baixinho tem prazer na vertigem e nunca abrandou o ritmo. Ele não é “B”; ele é AAA – como as pilhas que certamente traz escondidas na camisola. Só assistência foram três – em quatro golos do Sporting.

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Oleiros-Sporting, 2-4

Taça de Portugal Placard 2017/2018 – 3ª Eliminatória

Estádio Municipal de Oleiros, em Oleiros, Castelo Branco

Árbitro: Gonçalo Martins

Oleiros: Luís Pedro; Bruno Cardoso, Tiago Gomes, Victor Lira e Pedro Luís; Vasco Ferreira, Guilherme Campos (Djô Djô, 46’) e Deng Liu (Dentinho, 46’); Leandro Santos, Ivan Fidalgo e Jackson (Tak Teuin, 84’)

Suplentes não utilizados: Alexandre Verdade, Dong Wang, Rui Velho e João Silva

Treinador: Natan Costa

Sporting: Salin; Ristovski, André Pinto, Petrovic e Jonathan; Palhinha, Mattheus Oliveira (Jovane, 79’), Bruno César e Iuri Medeiros; Podence (Demiral, 89’) e Gelson Dala (Rafael Leão, 71’)

Suplentes não utilizados: Stojkovic; Kiki, Ponde e Ary Papel

Treinador: Jorge Jesus

Golos: Palhinha (23’; 62’), Matheus Oliveira (41’), Jackson (80’), Rafael Leão (87’) e Djô Djô (93′)

Ação disciplinar: Cartão amarelo a Petrovic (17’), Bruno César (34′), André Pinto (69′) e Djô Djô (79′)

Curiosamente, a única assistência que não é de Podence foi a do primeiro golo. O minuto era o vigésimo terceiro. Até então, nada há de bom (ou de mau) a contar. Jonathan cruza à esquerda para a área, André Pinto não consegue desviar, o central Tiago Pinto dá uma valente “rosca” na bola e não a corta, sobrando esta para Palhinha que, isolado, rematou para o primeiro da noite em Castelo Branco.

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O Oleiros quase empatou pouco depois, aos 34’. Deng Liu ganha a frente e Iuri Medeiros na esquerda, cruza para a área, Jackson estava pronto para desviar mas Petrovic, no último instante, tirou-lhe o pão da boca e cortaria para canto. Não se esqueça deste Jackson, OK? Molhará a sopa mais adiante.

Perto do intervalo (41’) e dentro da área, à direita, Podence cruza para o poste contrário, Matheus Oliveira surge nas costas de Bruno Cardoso, salta mais alto que o lateral do Oleiros e cabeceia para o segundo do Sporting, sem hipótese de defesa para Luís Pedro.

Tardaria após recomeço até que o Sporting voltasse a ser perigoso. Quando o foi, a “menina” entraria na baliza: foi aos 62’. E este é daqueles golos que Jesus gosta: com nota artística — e que “artística” foi. Podence dribla (não a defesa que adivinhe se se vai voltar para a esquerda ou direita) e livra-se de Pedro Luís, cruzando para o poste esquerdo onde, sem oposição de nenhum defesa do Oleiros, Palhinha (todo no ar!) remataria em pontapé de “moinho”. Luís Pedro nem a veria…

É a primeira vez que Palhinha faz um bis. E nesta noite faria mais golos do que em todos os setenta-e-oito encontros que disputou como profissional de futebol.

Ainda não se esqueceu de Jackson, certo? A vinte minutos do final, a bola sai longa da defesa do Oleiros e encontra em contra-pé a do Sporting, Petrovic escorrega (o relvado era sintético e a noite húmida… mas o sérvio foi “anjinho” ao deixar a bola saltitar-lhe à frente) e Jackson, cara a cara com Salin, colocou a bola entre o guarda-redes leonino e o poste direito. O estádio Municipal de Oleiros rompeu em festa!

Até final, Podence. E uma surpresinha. Primeiro Podence. Acelera em direção à área (87’) e deixa Deng Liu de candeias às avessas. E mais deixaria quando travou a aceleração — e a “menina” que acelerava com ele, de calcanhar. Podia ter rematado, pois só tinha o guarda-redes do Oleiros pela frente. Mas resolveu cruzar para o poste contrário, onde o estreante Rafael Leão fez o quarto do Sporting. Como bem agradecido que é, Rafael apontou para Podence em sinal de gratidão antes de ele próprio festejar o golo.

Uma curiosidade: esta é a terceira prova distinta em que Leão consegue balançar as redes, tendo-o o feito igualmente na II Liga e no Nacional de Juniores. Promete…

Agora a “surpresinha”. No derradeiro de quatro minutos de tempo extra, e num canto à direita, Ivan Fidalgo cruza e Salin corta para fora da área a punhos. A bola voltaria a Ivan e Ivan voltaria a cruzá-la. Dentinho cabeceou, o guarda-redes do Sporting defenderia para a frente e, na recarga, Djô Djô antecipou-se a Demiral e só teve que encostar. 2-4, o Sporting segue para a próxima eliminatória e o Oleiros teve uma noite para não mais esquecer: é que foi a primeira vez que defrontou um clube do primeiro escalão.