Os rapanui, os habitantes nativos da Ilha de Páscoa (uma ilha da Polinésia, no Pacífico), não tiveram nenhum contacto com os americanos até à chegada dos europeus à região – ou, pelo menos não deixaram rasto, se o tiverem tido. De acordo com um estudo publicado na revista Current Biology, este povo nunca conviveu com outros grupos antes da chegada dos europeus àquela ilha.

A investigação americana comparou o ADN dos restos dos habitantes que ocupavam a ilha de Páscoa antes da chegada dos europeus com o ADN de pessoas que a habitaram durante os últimos dias daquela civilização. Ao todo, foram analisados cinco amostras de material genético – três diziam respeito ao período anterior a 1722 (antes da chegada dos europeus) e duas que pertenciam a indivíduos nascidos entre o século XIX e XX.

Os resultados mostram que os habitantes não tiveram contacto algum com outras comunidades humanas até à chegada dos colonizadores europeus milhares de anos depois.

Apesar de não ter sido deixado “rasto genético”, a possibilidade de um contacto cultural não é descartado, conclui o estudo. Estas conclusões põem em causa outras investigações prévias que defendiam que houve efetivamente contacto.

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Para o mexicano José Víctor Moreno Mayar, a investigação, além de “exagerada e precipitada”, apresenta algumas fragilidades, isto porque existe uma proximidade temporal entre a data do possível contacto e a data dos restos analisados. O investigador, que defende a tese de que houve contacto entre os dois povos antes da chegada dos europeus disse ao El País que “com três amostras é apressado descartar que houve um contacto pré-colombiano entre nativos americanos e polinésios”.

A história dos rapanui ainda permanece cheia de mistérios. Terá sido há dois mil anos que a civilização Polinésia começou a habitar aquela zona, deixando para trás várias estátuas que aquele povo erguia em representação de deuses dos antepassados e parentes dos antigos habitantes da ilha.

Os rapanui desapareceram praticamente todos antes da chegada dos primeiros colonizadores europeus. As razões apontam para uma falta de recursos para a sua sobrevivência e para uma guerra entre diferentes tribos. Os restos da civilização foram destruídos em meados do século XIX, quando escravos ocuparam a ilha.